"MENTES CRIATIVAS SÃO CONHECIDAS POR RESISTIREM A TODO TIPO DE MAUS TRATOS."
SIGMUND FREUD

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

REVOLTA!


Gostaria de divulgar aos moradores de Volta Redonda e região , a cobrança de estacionamento no novo hospital da Unimed instalado na cidade de Volta Redonda.
Na opinião de muitos, inclusive na minha, a cobrança é absurda! Hospital não é shopping center e ninguém escolhe estar lá! Além disso, não há outra opção de estacionamento em função da localização do hospital, assim sendo a pessoa é obrigada a estacionar lá!
Se alguém estiver com um parente internado e for visitá-lo diariamente, no final do mês terá pago uma fortuna só de estacionamento!
E os religiosos (pastores, padres, missionários, pastorais de saúde, espíritas...) que visitam enfermos diariamente durante todo o ano?
Isto é uma exploração, e acredito que a Unimed não precisa disso!
O espaço existente para estacionamento é imenso, o hospital é particular e os preços dos planos de saúde não são nada baratos! É uma questão de consciência e colaboração com a comunidade e uma falta de consideração com seus próprios clientes!
Se alguém está doente, já tem gastos extras em seu orçamento como por exemplo, medicação e dietas... Agora a família do enfermo também terá que incluir ESTACIONAMENTO de hospital? Isto parece piada ou pegadinha, não me parece coisa de profissionais da saúde que se preocupam realmente em contribuir com a comunidade, como diz a Unimed em suas campanhas publicitárias. Isto é coisa de urubu da bolsa de valores! Empresários gananciosos que visam SOMENTE o lucro! De predador capitalista que busca lucro a qualquer custo, se aproveitando do sofrimento e da necessidade de terceiros!
Vamos divulgar, inclusive as pessoas que vivem em Resende, pois brevemente terá uma unidade inaugurada, não deixem que aconteça o mesmo! Quem sabe a empresa acorda e percebe que é um hospital e não um banco ou um shopping!

NOTA: EU SOU CLIENTE DA UNIMED E ME SINTO EXPLORADO POR ESSA COBRANÇA!

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

O CÂNCER E A SEXUALIDADE



GALERA COMO EU HAVIA PROMETIDO AÍ ESTÁ UM TEXTO DE MINHA AUTORIA, APRESENTADO NA UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ - RESENDE, COMO REQUISITO DA MATÉRIA DE PSICOONCOLOGIA, CLARO QUE ISSO NÃO SERIA POSSÍVEL SEM A AJUDA DE ALGUMAS PESSOAS, E AQUI QUERO DEIXAR REGISTRADO MEUS AGRADECIMENTOS E VOTOS DE CARINHO E SUCESSO A TODAS ELAS:
À PROFESSORA CÉLIA REGINA, PROFESSORA DEDICADA E ATENCIOSA, QUE MUITO TEM ME ENSINADO COM SUA EXPERIÊNCIA; À GABRIELE ZACARIAS, GRANDE AMIGA E COMPANHEIRA DESTA "LONGA" JORNADA ACADÊMICA E A GIOVANA NASCIMENTO, UMA PROFISSIONAL ALTAMENTE CAPACITADA E DEDICADA, ALÉM DE UMA PESSOA NOTA 10! MEU MUITO OBRIGADO A VOCÊS!

1 INTRODUÇÃO

O câncer é uma doença que representa para muitas pessoas, um momento difícil e traumático, apesar dos avanços da medicina e de modernos tratamentos, este ainda significa para elas, a morte inevitável com muita dor e sofrimento.

Com o progredir da doença, são suscitados novos desafios, a medida que falham sucessivos esquemas terapêuticos, e o aparecimento de novas limitações físicas do doente diminui as expectativas de cura. O diagnóstico de câncer deixa nos enfermos que conseguem sobreviver noção ampliada de sua vulnerabilidade e do risco de mortalidade. (DUDGEON, 1995, p.255)

O trauma do paciente oncológico está atrelado ao tipo de tumor, sua evolução e com o tratamento, esses fatores trazem grande impacto sobre o ajustamento psicossocial do paciente. A quimioterapia e a hormonioterapia, por exemplo, acarretam aumento de peso e a perda de cabelo, causando alterações no corpo e inclusive na auto-estima. Alguns processos cirúrgicos resultam em mutilação e desfiguração, além de modificar o trajeto das excreções ou prejudicarem a função sexual. A radioterapia pode causar queimaduras na pele, dificuldade de deglutição, diarréia, além da conhecida perda de cabelos.
É muito comum, que os pacientes oncológicos sejam acometidos pela depressão e esta pode ser difícil de diagnosticar. Afirma Dudgeon (1995, p.259), que a perda do libido é uma das característica da depressão.
Diversos são os traumas sofridos pelos pacientes de câncer, assim, como diversas são as causas que podem levar ao paciente a perda da sexualidade, porém, mesmo diante de quadros médicos e psicológicos traumáticos, é possível que com o apoio e orientação do psicólogo, o enfermo encontre dentro de si forças para enfrentar esta doença da melhor maneira possível, sem deixar que ela afete de maneira tão aguda os prazeres da vida, dentre eles sua sexualidade.
A doença incide sobre o corpo do paciente, corpo esse que também é campo para sexualidade. Essa simultaneidade de funções, patológica e erógena, não pode passar em branco para o psicólogo. Há que estar atento a esse ponto em termos teóricos, e há que se estar aberto para conversar sobre ele se o paciente tocar no assunto. (SIMONETTI, 2004, p.156).

Portanto, o objetivo deste trabalho é fazer um estudo sobre os aspectos psicológicos que podem levar os pacientes oncológicos à perda ou diminuição da sexualidade, bem como desenvolver propostas de intervenção a fim de preservá-la e/ou desenvolvê-la de maneira saudável neste momento difícil.
2 A INFLUÊNCIA DO TRATAMENTO NA SEXUALIDADE

Com a correria diária se esquece muitas vezes, de que a vida acontece, e ela pode ser tão bela quanto frágil, e o diagnóstico de uma doença como o câncer pode alterar o sentido do existir humano. As prioridades e os valores passam a ser colocados em segundo plano, para se preocupar apenas com o tratamento.
De acordo com Macieira (2009), “o câncer tem limitações e não pode engessar a vida que temos a viver, congelar a alegria, destruir o prazer e roubar os minutos de plenitude que podemos alcançar”.
Porém, quando é diagnosticada a doença tudo na vida perde a importância e ela passa ser a preocupação central na vida dos pacientes e familiares. Assim, acabam surgindo diversos sintomas psicológicos, que enfatiza Simonetti (2004, p.37), como o medo, a revolta, a depressão e a negação.
Como a atenção, dos pacientes, familiares e da equipe de saúde está voltada para a doença e para o desencadear das emoções causadas, dão pouco ou nenhuma importância para a sexualidade do indivíduo, tema que faz parte de um dos aspectos mais importante para a sua qualidade de vida.

Qualidade de vida relacionada à saúde, a percepção do individuo sobre seu estado. Esta percepção normalmente está relacionada a determinadas dimensões de sua vida, que em muitos instrumentos utilizados na tentativa de mensurar qualidade de vida, dizem respeito a fatores psicológicos, físicos, econômicos, sociais e espirituais. (KOWALSKI, 2002, p.285)

Dentre estes aspectos essenciais da vivência humana, a sexualidade, que em sentido mais amplo, representa a identidade pessoal e uma forma de se relacionar com o outro de uma maneira afetiva, envolvendo um ritual de intimidade com o próprio corpo e com o corpo de outro. E muitas vezes com a ameaça da morte, a sexualidade passa ser um item de menor importância.
Os traumas emocionais são inevitáveis, porém é possível que os pacientes encontrem dentro de si, a força para resistir a doença e aos respectivos tratamentos. Mas, torna-se imprescindível para o psicólogo prever a perturbação psicológica que pode ocorrer na fase do diagnóstico e do tratamento. Neste capitulo serão discutidos as influências que os tratamentos como: a quimioterapia, a hormonioterapia e o tratamento cirúrgico trazem para a sexualidade.

2.1 QUIMIOTERAPIA

A quimioterapia é um passo para o tratamento do câncer, que por ser uma doença celular, torna-se necessário que as células doentes sejam combatidas através do uso de químicas.
Este tratamento é aplicado após uma avaliação médica e pode ser feita antes ou após a cirurgia para a retirada do tumor. Para ser aplicada a quimioterapia, alguns fatores são levados em consideração, tais como: o tipo de tumor, seu estágio de desenvolvimento, a idade e o estado físico do paciente.
Porém, a quimioterapia atinge não somente as células doentes, mas também, as células sadias causando efeitos colaterais, já citados anteriormente, como: queda de cabelos, náuseas e vômitos, estomatite, diarréia, prisão de ventre, todos esses fatores podem interferir nas relações sexuais entre outros efeitos.
Apesar do tratamento não impedir a relação sexual, as alterações emocionais também podem fazer com que o indivíduo perca um pouco do interesse sexual.

A diminuição do desejo sexual pode ser influenciado por fatores orgânicos ou psicológicos. Os orgânicos caracterizam-se, principalmente, pela diminuição do hormônio testosterona, responsável pela apetência sexual, decorrente do tratamento quimioterápico como, também, pela falta de disposição resultante da severa anemia vivenciada por essa clientela e pela presença de náuseas e vômitos. Os fatores psicológicos são marcados pelo constante sofrimento, medo e preocupação decorrentes da doença e do tratamento. (MELO, 2006, p.3)

Os problemas relacionados à perda da excitação sexual masculina são influenciados pela perda do hormônio testosterona e na mulher pela falta de lubrificação vaginal decorrente da queda do nível do hormônio estrôgeneo.

2.2 HORMONIOTERAPIA

Alguns tumores evoluem por causa da presença hormonal, como por exemplo: os de mama, próstata e endométrio. O objetivo da hormonioterapia, é justamente, impedir a ação destes hormônios, bloqueando ou suprimindo os efeitos de hormônio sobre o órgão alvo.
Assim como a quimioterapia, a hormonioterapia age em todas as partes do organismo.
Durante o tratamento hormonal é possível que haja a diminuição da libido divido as medicações.


A diminuição da libido não é geralmente um efeito colateral permanente no tratamento oncológico e pode ser gerenciado. Para muitas pessoas, a libido retorna ao normal após o término do tratamento. Entretanto, algumas pessoas podem necessitar de intervenção médica para aumentar sua libido. Mulheres que tiveram câncer de mama e estão em tratamento hormonal também podem ter uma diminuição da libido. (ONCOGUIA, 2010)

Muitas das causas da ausência da sexualidade na fase do tratamento, está ligado a auto-estima, a perda do cabelo, a perda de peso causados pelo tratamento de combate à doença.

2.2 TRATAMENTO CIRURGICO

Neste tópico serão abordadas especialmente, as cirurgias de câncer de mama e próstata, que são as grandes causas da perda da sexualidade, uma vez que ambas podem mutilam órgãos de extrema importância para a sexualidade tanto masculina quanto feminina.
O câncer de mama é o câncer que se manifesta com grande freqüência entre as mulheres brasileiras, é caracterizado por uma multiplicação exagerada e desordenada da s células.
A cirurgia do tratamento do câncer de mama pode ser conservadora ou radical, conservadora quando retirar apenas uma parte da mama e radical quando retirar a mama inteira.

O câncer de mama traz muitas complicações na auto-estima das mulheres, diminuindo muito o desejo de se expor ao parceiro. A mama é considerada um ponto da feminilidade se o câncer gerou a necessidade de retirada de uma ou de duas mamas, a mulher pode ficar bastante abalada sexualmente. (ONCOGUIA)


Assim, o este tipo de câncer pode interferir de maneira expressiva na vida sexual do casal. Mas é necessário que ambos procurem formas para se adaptarem a nova realidade e tragam de volta sua intimidade e cumplicidade.
Quanto ao câncer de próstata, pode-se dizer, que afeta o homem em seu bem-estar físico e emocional. O tratamento deste tipo de câncer pode acabar afetando a masculinidade e gerando a impotência.
O sofrimento masculino se deve às limitações físicas e a diminuição da ereção, sobretudo, quando há prostectomia radical (retirada dos testículos) responsáveis pela produção dos hormônios masculinos.
Nas palavras de Tofani (2007, p.200), “o tratamento dos homens quase invariavelmente acarretam os conhecidos riscos de incontinência e da impotência que atingem a essência da masculinidade”.
Para isso, é importante lidar com as emoções e o medo, desenvolvendo maior auto-estima e auxiliando a sua qualidade de vida.

3 DISTURBIOS PSICOLÓGICOS DA DOENÇA
A medida que houve um avanço no tratamento do câncer a taxa de mortalidade também diminuiu entre os diagnosticados positivamente, mediante esse fato hoje em dia passa-se a ser muito considerada a qualidade de vida destes pacientes, onde se inclui a atenção ao bem estar psíquico, pois conforme temos exposto no decorrer desse trabalho muitas vezes são influenciados por diversos distúrbios psicológicos, que podem algumas vezes influenciar na sua sexualidade.
Os efeitos psicológicos podem surgir do medo ou tristeza pelo diagnóstico em si. Outra possibilidade é que uma alteração na imagem corporal cause medo de rejeição pelo parceiro. (SANTOS, 2002, P.36).

Os distúrbios mais recorrentes nos pacientes oncológicos são: a depressão e a ansiedade.

3.1 DEPRESSÃO
Nas palavras de Govindan (2002, p.594), “Em geral, a depressão é mais comum, e o diagnóstico mais freqüente é de Depressão Importante e Distúrbios de Ajuste com Humor Deprimido”
A Depressão importante pode ser confundida com sintomas do câncer ou efeitos colaterais do tratamento. Alguns efeitos que podem gerar certa confusão são: perda do apetite, fadiga e problemas de concentração. Alguns profissionais chegam a propor que o diagnóstico da depressão nos pacientes repousa nos sintomas psicológicos da depressão. Alguns pacientes relacionam seus comportamentos pessoais com o desenvolvimento da doença.
A depressão é mais comum em tipos específicos de câncer (pancreáticos, pulmonar), em face do prognóstico sombrio, e na presença de dor. Indivíduos com uma história de distúrbio do humor correm maior risco de desenvolvimento de depressão após um diagnóstico de câncer, assim como aqueles com uma história familiar de depressão. Outros fatores de risco incluem o abuso de álcool e de drogas, a idade mais jovem, o sexo feminino e a pressão socioeconômica. (GOVINDAN, 2002, P.595).

A depressão psíquica pode levar o paciente de câncer a perda do libido, entre outros sintomas decorrentes da doença. Por isso, o aconselhamento psicológico é tão importante e necessário.

3.2 ANSIEDADE
A ansiedade pode ter diversas formas, após o diagnóstico do câncer podem ocorrer a ansiedade generalizada, caracterizada por ansiedade excessivas, muitas vezes os pacientes apresentam irritação e pessimismo.
Algumas fobias específicas também podem ocorrer após o tratamento de quimioterapia. Este problema fica evidente em náuseas antecipatórias, quando ele recebe a quimioterapia e a piora da náusea se desenvolve. E a náusea pode ocorrer antes do tratamento ou sem a presença do tratamento.
A sexualidade também é influenciada pela ansiedade, tanto a ansiedade em relação à doença e ao tratamento, quanto à ansiedade em relação ao próprio ato sexual. Em relação ao ato sexual, a ansiedade se manifesta através da preocupação em satisfazer o parceiro, e não conseguir, em caso de uma tentativa frustrada, pode gerar no individuo pensamentos automáticos que podem se manifestar através da evitação do contato e falta de iniciativa sexual.

4 SEXUALIDADE: APOIO PSICOLÓGICO
A denominação das manifestações psíquicas da vida sexual, combina com a base química da relação sexual. Freud (2002, 94), descreve o libido como “uma força quantitativamente variável que poderia medir os processos e transformações ocorrentes no âmbito da excitação sexual”.

Consideramos a sexualidade uma dimensão da vida que envolve a comunicação com o nosso eu, com os outros e com o universo de significados em que estamos inseridos. Nesta concepção o corpo tem grande importância, pois ele não apenas atesta a nossa existência, como também nos possibilita a comunicação com o mundo e com as pessoas que se encontram nele. (SANTOS, 2002, P.33).

A excitação sexual é fornecida não só pelas partes chamadas partes sexuais, mas sim, por todos os órgãos do corpo, por isso a questão da sexualidade passa pela imagem corporal que o paciente tem de si.

.4. A PERDA DA SEXUALIDADE DO PACIENTE DO CÂNCER
O câncer por representar uma doença que maltrata o corpo, altera o estado emocional do paciente, inclusive, em sua qualidade de vida e na sexualidade. Homens e mulheres acometidos pela doença vêem sua sexualidade fragilizada, ao terem mutilados os órgãos que são a expressiva representação da sexualidade.
O diagnóstico do câncer de mama ou próstata pode afetar significativamente a vida sexual do casal. Para Cantinelli (2006), “reações de ajustamento ou mesmo depressão e ansiedade tem forte impacto sobre a sexualidade”.
Quanto ao câncer de mama, especificamente, relata Gomes (2002), “no universo simbólico, a mama é um elemento fundamental capaz de concentrar papéis da identidade feminina, como a sexualidade, sendo os seios objeto de prazer e desejo”.
Além disto, a retirada parcial ou total da mama, pode levar às mulheres a sensação de solidão, a perda dos vínculos e uma quebra de sentido e inclusive a perda da auto-estima.
Em se tratando do câncer de próstata ou no genital masculino, os fatores culturais podem influenciar negativamente às questões relacionadas à sexualidade.
Assim, como o câncer de mama é um dos maiores medo das mulheres o câncer de próstata não é diferente para os homens, pois trazem consigo, não somente o medo da própria morte, mas também, o medo que tocam no próprio cerne da sua sexualidade.

4.2 APOIO AO PACIENTE PARA PRESERVAÇÃO DE SUA SEXUALIDADE
Para auxiliar a qualidade de vida do paciente é de extrema relevância a avaliação de todos os aspectos psicológicos que envolvem do diagnóstico de câncer, inclusive e, sobretudo, em relação à sexualidade.
É importante destacar que os diagnósticos são necessários para dar uma direção ao tratamento, na medicina o diagnostico se dá por meio dos sintomas, diferente da psicologia, segundo Simonetti (2004, p. 33), “na psicologia hospitalar o diagnostico é o conhecimento da situação existencial e subjetiva da pessoa adoentada em relação a sua doença”. É importante salientar que o psicólogo não pode de maneira alguma se ater somente ao diagnostico inicial, ele deve permanecer atento às mudanças situacionais que podem acarretar uma necessidade de mudança de estratégia, para isso se faz necessária uma constante avaliação do quadro psíquico do paciente.
O primeiro aspecto a se considerar deve ser a história de vida da pessoa adoentada, pois de nada servem os termos técnicos e dados patológicos, muito menos as intervenções médicas ou psicológicas se não for levado em conta à maneira como o paciente a representa.
Em segundo lugar é importante também observar a estrutura psicodinâmica da personalidade do individuo, e assim conhecer a sua relação ao seu processo de adoecimento e do seu tratamento.
E por fim se estabelecer as condições de enfrentamento do individuo mediante a doença e seu prognóstico, ou seja, quais as possibilidades e limites para essa pessoa, e assim propor ações que visem à ampliação dos seus horizontes e deste modo gerar uma melhora na sua qualidade de vida.
Para tal se faz necessário um acompanhamento prévio do paciente, pois quanto antes se iniciar a preparação do paciente para os eventos que podem ocorrer no pós-operatório ou após as sessões de tratamento não cirúrgico (quimio/radio/hormonioterapia), isso aumentara seu tempo de reação, onde terá a oportunidade de se preparar para tais eventos. A comunicação entre o paciente e médico em todas as fases do tratamento é importante, porém ela é essencial na previa do mesmo, até mesmo para que o paciente possa se preparar para os efeitos colaterais do tratamento. Segundo Sebastiani (1995 p. 34), tanto o paciente quanto o devem ter um representante neutro, no caso o psicólogo.
Essa ponte de ligação, ou facilitação de vínculos, tem grande importância, sobretudo para o paciente, pois ela é uma possibilidade de se desenvolver dois sentimentos imprescindíveis para o bom prognostico emocional da relação do individuo com a cirurgia e o processo, muitas das vezes longo, de pós-operatórios e reabilitação, que são confiança e a autorização. (SEBASTIANI, 1995 p.34)

Neste âmbito o psicólogo estabelecera um vínculo importante, pois ele não representa uma “ameaça” ao paciente, é o que Sebastiani chama de privilégio do psicólogo.
A partir daí o psicólogo poderá trabalhar todos os aspectos referentes aos itens acima destacados, como história de vida e estrutura psicodinâmica do paciente, bem como de sua família e juntamente com ele estabelecer as diretrizes por onde seguirá sua recuperação, inclusive a da sua sexualidade. Segundo Santos (2002, p. 23) apput Witten e Lampert (1999), “os profissionais de saúde devem incluir a função sexual como parte da avaliação das necessidades da reabilitação do paciente, ainda que seja desconfortável tanto para eles quanto para os pacientes o encaminhamento de aspectos relacionados à sexualidade”.
É imprescindível o envolvimento familiar no que tange a questão da sexualidade do paciente, principalmente quando se trata de pessoas casadas, o envolvimento do cônjuge na recuperação do paciente é indispensável, para tal ele deve ser informado de todas as nuances e possibilidade de reações que podem ocorrer.
Outro ponto quer deve ser observado pelo profissional de psicologia é o cuidado com a imagem corporal do paciente que como dissemos anteriormente é uma das causas da perda da sexualidade do paciente, é importante trabalhar auto-estima do mesmo:

Nos casos de disfunção orgânica, apesar de existir uma série de tratamentos médicos, não se exclui a necessidade de terapia sexual ou psicoterapia, pois sempre existem os aspectos psicossociais relacionados não apenas à gênese, como também à manutenção da disfunção, como: medo de rejeição e abandono da parceira, conflitos em relação à própria masculinidade, baixa auto-estima etc. (Santos 2002, p. 68)

E por fim, mas não menos importantes são os cuidados com os aspectos depressivos e ansiosos que podem vir a serem apresentados pelos pacientes, que em suma são uma soma ou resultado das questões anteriormente relacionadas:

Além disso, a depressão, muito comum nos casos de câncer, é uma das maiores causas de disfunção sexual, pois afeta a fase do desejo, o apetite sexual. (Santos 2002, p. 68)


5 CONCLUSÃO

Homens e mulheres se posicionam de forma diferente frente à varias etapas do tratamento do câncer, e inclusive, na reabilitação da sua vida após o tratamento. Esta diferença já advêm da própria cultura e do modo pelo quais são socializados, portanto já não desenvolvem os mesmos estímulos e coragem para o enfrentamento da doença.
Porém, a forma do enfrentamento desta doença está relacionada a uma multiplicidade de fatores, como: doença, sintomas, estágio, o tratamento, a auto-estima, a estrutura familiar. Portanto, não há uma única estratégia para o auxilio a reabilitação do paciente e orientação do paciente quanto à conduta da sua sexualidade frente ao diagnóstico e ao tratamento do câncer.
Mas, é que o medo do câncer de mama para a mulher é tão semelhante quanto o medo que o homem tem em relação ao câncer de próstata, por acarretar para a mulher a perda de um símbolo tão valorizado sexualmente quanto a impotência por parte dos homens.
Assim, compreende-se que a alteração corporal para a mulher ou para o homem representa um enorme impacto psicossocial, impedindo-os de aceitar o próprio corpo e negando a se expor frente ao parceiro ou parceira, esta restrição ainda podendo se estender a contatos sociais.
A qualidade de vida, então, fica abalada com o diagnóstico da doença, deixando o individuo fragilizado. Dessa maneira, uma intervenção pode objetivar o manejo do estilo de vida, as condutas sociais, emocionais e sexuais, de modo a se adaptarem a nova realidade de maneira saudável.
È de extrema importância orientar o casal à uma conversa franca e aberta, onde haja uma disponibilidade para a compreensão, a aceitação e a uma nova postura frente ao ato sexual.

6 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CANCER de mama e sexualidade. Disponível em: http://www.oncoguia.com.br Acesso em 09 nov.2010.

CANTINELLI, Fábio Scaramboni.et al. A oncopsiquiatria no câncer de mama: considerações a respeito de questões do feminino. Revista de Psiquiatria Clínica, v.33, n.3, São Paulo, 2006. Disponível em: http://www.scielo.com.br Acesso em: 10 nov.2010.

GOMES, Romeu; SKABA, Márcia Marília Vargas Fróes; VIEIRA, Roberto José da Silva. Reiventando a vida: proposta para uma abordagem sócio-antropológica do câncer de mama feminino. Cadernos de Saúde Pública, v.18, n.1, Rio de Janeiro, jan./fev.2002. Disponível em: http://www.scielo.com.br Acesso em: 10 nov.2010.

GOVINDAN, Ramaswamy. Washington: manual de oncologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2004.

KOWALSKI, Luiz Paulo, et al. Manual de condutas diagnósticas e terapêuticas em oncologia.2.ed.São Paulo: Âmbito Editores, 2002.

MACIEIRA, Rita de Cássia. Conversando sobre a sexualidade e o câncer. 2009. Disponível em:http://www.inana.com.br Acesso em: 08 nov.2010.

MELO, Alexandre de Souza; CARVALHO, Emilia Campos de; NILZA, Teresa Rotter Pelá. A sexualidade do paciente portador de doenças onco-hematológicas. Revista Latino Americana Enfermagem, março-abril, 2006.

SIMONETTI, Alfredo. Manual de psicologia hospitalar: o mapa da doença. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2004.

TOFANI, Ana C.A; VAZ, Cícero. Câncer de próstata, sentimento de impotência e fracasso ante os cartões IV e VI do Rorschach. Revista Interamericana de Psicologia. v.41, n.2, 2007. p.197-204. Disponível em:http://www.psicorip.org Acesso em: 09 nov.2010.

TRATAMENTO do câncer e a diminuição da libido. Disponível em: http://www.psicorip.org Acesso em: 09 nov.2010.

SANTOS, Rosita Barral Homens com câncer de próstata: um estudo da sexualidade à luz da perspectiva heideggeriana. Ribeirão Preto, 2006. 243 p.: il.; 30 cm

TRUCHARTE, Fernanda Alves Rodrigues Psicologia hospitalar: teoria e pratica/, Fernanda Alves Rodrigues Trucharte, Rosa Berger Knijnik, Ricardo Werner Sebastiani; Valdemar Augusto Angerami-Camon (organizador). 2. Ed. São Paulo: pioneira, 1995

domingo, 10 de outubro de 2010

Estou atrás do que fica atrás do pensamento


“Estou atrás do que fica atrás do pensamento. Inútil querer me classificar: eu simplesmente escapulo. Gênero não me pega mais. Além do mais, a vida é curta demais para eu ler todo o grosso dicionário a fim de por acaso descobrir a palavra salvadora. Entender é sempre limitado. As coisas não precisam mais fazer sentido. Não quero ter a terrível limitação de quem vive apenas do que é possível fazer sentido. Eu não: quero é uma verdade inventada. Porque no fundo a gente está querendo desabrochar de um modo ou de outro.”
(Clarice Lispector)

sábado, 18 de setembro de 2010

EXPERIÊNCIA?


No processo de seleção da Volkswagen do Brasil, os candidatos deveriam responder a seguinte pergunta: Você tem experiência?

A redação abaixo foi desenvolvida por um dos candidatos. Ele foi aprovado e seu texto foi um sucesso, e com certeza ele será sempre lembrado por sua criatividade.


"Já fiz cosquinha na minha irmã só pra ela parar de chorar. Já me queimei brincando com vela. Eu já fiz bola de chiclete e melequei todo o rosto. Já conversei com o espelho, e até já brinquei de ser bruxo. Já quis ser astronauta, violonista, mágico, caçador e trapezista. Já me escondi atrás da cortina e esqueci os pés pra fora. Já passei trote por telefone. Já tomei banho de chuva e acabei me viciando. Já roubei beijo. Já confundi sentimentos. Peguei atalho errado e continuo andando pelo desconhecido. Já raspei o fundo da panela de arroz carreteiro. Já me cortei fazendo a barba apressado. Já chorei ouvindo música no ônibus. Já tentei esquecer algumas pessoas, mas descobri que essas são as mais difíceis de esquecer. Já subi escondido no telhado pra tentar pegar estrela. Já subi em árvore pra roubar fruta. Já caí da escada de bunda. Já fiz juras eternas. Já escrevi no muro da escola. Já chorei sentado no chão do banheiro. Já fugi de casa pra sempre, e voltei no outro instante. Já corri pra não deixar alguém chorando. Já fiquei sozinho no meio de mil pessoas sentindo falta de uma só. Já vi pôr-do-sol cor-de-rosa e alaranjado. Já me joguei na piscina sem vontade de voltar. Já bebi uísque até sentir dormente os meus lábios. Já olhei a cidade de cima e mesmo assim não encontrei meu lugar. Já senti medo do escuro. Já tremi de nervoso. Já quase morri de amor, mas renasci novamente pra ver o sorriso de alguém especial. Já acordei no meio da noite e fiquei com medo de levantar. Já apostei em correr descalço na rua. Já gritei de felicidade. Já roubei rosas num enorme jardim. Já me apaixonei e achei que era para sempre, mas sempre era um “para sempre” pela metade. Já deitei na grama de madrugada e vi a Lua virar Sol. Já chorei por ver amigos partindo, mas descobri que logo chegam novos, e a vida é mesmo um ir e vir sem razão. Foram tantas coisas feitas, momentos fotografados pelas lentes da emoção, guardados num baú, chamado coração. E agora um formulário me interroga, me encosta à parede e grita: “Qual sua experiência?”. Essa pergunta ecoa no meu cérebro: experiência… experiência… Será que ser “plantador de sorrisos” é uma boa experiência? Não! Talvez eles não saibam ainda colher sonhos! Agora gostaria de indagar uma pequena coisa para quem formulou esta pergunta: Experiência? Quem a tem, se a todo o momento, tudo se renova…?"

COMO JÁ DIZIA A GESTALT TUDO O QUE TEMOS É O AQUI-AGORA, TODAS NOSSAS EXPERIENCIAS DE NADA VALEM DIANTE DE UMA NOVA SITUAÇÃO.

domingo, 5 de setembro de 2010

Os Cisnes


A vida, manso lago azul algumas
Vezes, algumas vezes mar fremente,
Tem sido para nós constantemente
Um lago azul sem ondas, sem espumas,

Sobre ele, quando, desfazendo as brumas
Matinais, rompe um sol vermelho e quente,
Nós dois vagamos indolentemente,
Como dois cisnes de alvacentas plumas.

Um dia um cisne morrerá, por certo:
Quando chegar esse momento incerto,
No lago, onde talvez a água se tisne,

Que o cisne vivo, cheio de saudade,
Nunca mais cante, nem sozinho nade,
Nem nade nunca ao lado de outro cisne!

Júlio Salusse

ESTE POEMA É LINDO, TALVEZ UM DOS MAIS BONITOS QUE JÁ LI, POREM TRATA DE TEMA EVITADO POR MUITOS, O SER HUMANO E SUA FINITUDE, BEM COMO OS SENTIMENTOS E COMPORTAMENTOS RELACIONADOS A ESSE ASSUNTO, E A PSICOLOGIA, COMO A CIÊNCIA QUE SE PROPÕE A ESTUDAR PRINCIPALMENTE OS SENTIMENTOS E COMPORTAMENTOS HUMANOS, NÃO PODERIA SE FURTAR A ESSA DISCUSSÃO. ESTOU LENDO ATUALMENTE UM LIVRO MUITO INTERESSANTE QUE TRATA ESSENCIALMENTE DESSE ASSUNTO: "SOBRE A MOSTE O MORRER", DA DRª ELISABETH KÜBLER-ROSS, E EU SEPAREI O TEXTO QUE SE ENCONTRA NA ORELHA DO LIVRO, PARA DIVIDIR COM TODOS, NA VERDADE EU TINHA ESCRITO UM TEXTO, MAS PERDI TUDO POR CONTA DE VÍRUS, MAS PROMETO DENTRO DESSA SEMANA REESCREVER E PUBLICAR, MAS ENQUANTO ISSO DEGUSTEM ESSA AMOSTRA DESSE LIVRO MARAVILHOSO, QUE RECOMENDO A TODOS.
" AQUELES QUE TIVERAM A FORÇA E O AMOR PARA FICAR AO LADO DE UM PACIENTE MORIBUNDO COM O SILÊNCIO QUE VAI ALÉM DAS PALAVRAS QUE TAL MOMENTO NÃO É ASSUTADOS NEM DOLOROSO, MAS UM CESSAR EM PAZ DO FUNCIONAMENTO DO CORPO.
OBERVAR A MORTE EM PAZ DE UM SER HUMANO FAZ-NOS LEMBRAR UMA ESTRELA CADENTE. É UMA ENTRE MILHÕES DE LUZES DO CÉU IMENSO, QUE CINTILA AINDA POR UM BREVE MOMENTO PARA DESAPERECER NA NOITE SEM FIM. SER TERAPEUTA DE UM PACIENTE QUE AGONIZA É CONSCIENTIZAR-SE DA SINGULARIDADE DE CADA INDIVÍDUO NESTE OCEANO IMENSO DA HUMANIDADE. É UMA TOMADA DE CONSCIÊNCIA DE NOSSA FINITUDE, DE NOSSO LIMITADO PERÍODO DE VIDA.
POUCOS DENTRE NÓS VIVEM ALÉM DOS SETENTA ANOS; AINDA ASSIM, NESSE CURTO ESPAÇO DE TEMPO, MUITOS DE DENTRE NÓS CRIAM E VIVEM UMA BIOGRAFIA ÚNICA E NÓS MESMOS TECEMOS A TRAMA DA HISTÓRIA HUMANA."

ELISABETH KÜBLER-ROSS

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

A MENINA DA TORRE


A imagem que tenho de toda minha vida, é de um enorme bosque verde e de enxergar uma enorme e perigosa floresta até onde minha vista alcançava. É de enxergar o chão bem longe, numa sacada estreita para uma queda livre muito alta. Ao meu redor, paredes de enormes pedras irregulares. Ali eu vivi, cresci, me guardei da chuva, do frio, do abandono... Um abrigo, minha proteção. Naquela torre alta, nada poderia me acontecer de ruim. Nem de bom. Eu não me protegia da solidão. Um dia eu estava na sacada estreita, quando vi pessoas sorrindo, cantarolando canções, brincando... Sons de felicidade que eu nunca tinha ouvido. Alguém passou e gritou alguma coisa que não pude ouvir. Até que ele veio mais perto e disse que achava muito estranho alguém se isolar numa torre tão alta. Passei dias pensando nisso e quando ele voltou, gritou apenas: -Desce! E eu desci! Não sei quem era ele, nem onde foi parar, afinal isso não era um conto de fadas e príncipes encantados não existem. Torres sim! Nenhuma bruxa malvada me trancou na torre nem me lançou nenhum feitiço. Era eu mesma que tinha a chave. A imagem que eu tenho da minha vida inteira, até então, era a de uma menina morando no alto de uma torre de pedra que de repente acordou e se cansou da mesmice dos dias vazios.



Na minha caminhada, encontrei uma outra torre. Uma construção bem mais nova do que a que eu morava. Lá no alto, ainda mais alto do que a minha estreita sacada, havia uma menina olhando para baixo.

Olhei bem pra menina e gritei para ela descer, porque era muito triste alguém morar sozinha no alto de uma torre tão isolada do mundo. Quando a porta da torre se abriu, eu já estava longe, mas ainda pude ver a menina, bonita, fechando a porta atrás de si.



Logo mais à frente, eu o vi. Era o jovem que tinha gritado para que eu descesse da minha torre. Ele carregava uma enorme marreta em uma das mãos. Por um momento eu fiquei com medo, mas ele se aproximou e me disse: - me ajuda?

Caminhamos por algumas horas até que percebi uma pessoa nos seguindo. Era a menina da torre que eu vi anteriormente.

Me aproximei dela e disse: - me ajuda?

Caminhamos mais algumas horas até encontrarmos uma torre enorme, mais velha que a minha e mais alta que a da menina.

Ao chegar mais perto, percebi a ajuda que aquele jovem me pedira. Marretamos a torre por sete semanas, até que tudo o que restou, foi um amontoado de pedras.

-Isso não podia mais ficar de pé. Logo apareceria um novo morador.

Estirei-me no chão descansando os músculos enquanto a menina perguntava, enxugando o suor no rosto: - Quem morava nessa torre?

-Eu mesmo! - respondeu o jovem.

Nos olhamos por um tempo e foi então que eu e a menina compreendemos.

-Vocês me ajudam?

No fim de algumas semanas, no meio de três amontoados de pedra, nos despedimos e eu cheguei até aqui, até quem eu sou.

Sei que algumas torres continuam lá, mas também que existem outras pessoas gritando a estranheza na vida das outras. Sobretudo, sei que existem aqueles que gritam: desce! Imagino que existam muitas pessoas incapazes de ouvir os gritos lá do alto de suas torres - elas são realmente muito altas. Mas eu também sei que existem as pessoas que descem e trancam para sempre a porta atrás de si.



Hoje tudo é diferente. Eu não tenho mais uma marreta, mas conheço várias outras meninas e vários jovens que moram no alto de outras torres. As construções estão bem mais modernas e as torres são bonitas, altas, feitas de concreto, tijolos, possuem várias sacadas e janelas de vidro com grades.

Lá dentro dessas sacadas, não uma, mas várias pessoas vivem isoladas. Elas se vêem, mas não se conhecem. Suas sacadas são separadas de um modo que elas não tem nenhum contato umas com as outras. Não se falam, e, sobretudo, não escutam quando alguém aqui de baixo grita: desce!

Nenhuma delas pode pegar uma marreta e reduzir a enorme torre a um amontoado de pedras.

Eu espero, sinceramente, que elas encontrem alguma outra saída.



A imagem que eu tenho da minha vida inteira, era a de ter morado no alto de uma torre de pedra e eu desejo do fundo do meu coração, que você construa imagens mais bonitas para se lembrar quando tiver a minha idade.

AUTOR: Carol Rodrigues, do blog Expresso pra Dois, link:
http://expressopradois.blogspot.com/2010/01/menina-na-torre.html

ESSE TEXTO CHAMOU MUITO MINHA ATENÇÃO POR MOSTRAR COMO POR VÁRIAS VEZES NOS ESCONDEMOS DENTRO DE TORRES, SEJAM QUAIS FOREM OU QUAIS NOMES NÓS DAMOS A ELAS, O QUE IMPORTA É O QUE ELAS REPRESENTAM: A PRISÃO, A INCAPACIDADE DO SER HUMANO EM ASSUMIR SUA CONDIÇÃO OU SITUAÇÃO, OU ATÉ MESMO A INÉRCIA OU FALTA DE CORAGEM DE SE LANÇAR COMO UM "SER NO MUNDO". UMA TORRE TORRE SIGNIFICA UM LUGAR SEGURO OU NO MÍNIMO, DE COMODIDADE, QUE PODER SER UM SENTIMENTO, UM LUGAR, UMA PESSOA OU ATÉ MESMO PODE SER VOCÊ MESMO. TODA VEZ QUE O SUJEITO DEIXA DE REIVINDICAR SEU LUGAR NO MUNDO, OU ABDICA DE SUAS VONTADES E DESEJOS ELE PODE ESTAR ENTRANDO NESSA TORRE, PRINCIPALMENTE QUANDO ELE O FAZ PARA "EVITAR UM MAL MAIOR". O QUE VEMOS NOS DIAS DE HOJE SÃO PESSOAS QUE EVITAM O CONTATO OU OS RELACIONAMENTOS PROFUNDOS E FIACM DENTRO DAS TORRES COM O OBJETIVO DE SE SALVAGUARDAR DAS ADVERSIDADES E CONSEQUÊNCIAS ADVINDAS DE ESCOLHAS QUE ELE POR VENTURA VENHA A FAZER, PESSOAS ESSAS QUE PREFEREM COLOCAR A CULPA DOS SEUS SOFRIMENTOS E QUESTÕES EM TERCEIROS, AOS INVÉS DE ASSUMIR SUA RESPONSABILIDADE E SEU PAPEL NA SUA PRÓPRIA EXISTÊNCIA.

domingo, 1 de agosto de 2010

ISMÁLIA


Quando Ismália enlouqueceu,
pôs-se na torre a sonhar...
Viu uma lua no céu,
Viu outra lua no mar.

No sonho em que se perdeu,
Banhou-se toda em luar...
Queria subir ao céu,
queria descer ao mar...
E, no desvario seu,
na torre pôs-se a cantar...
Estava perto do céu,
estava longe do mar...

E como anjo pendeu
as asas para voar...
queria a lua do céu,
queria a lua do mar...
As asas que Deus lhe deu,
rufaram de par em par...
Sua alma subiu ao céu,
seu corpo desceu ao mar...

Autor: (Alphonsus de Guimarães)

sábado, 10 de julho de 2010

POÉTICA


De manhã escureço
De dia tardo
De tarde anoiteço
De noite ardo.

A oeste a morte
Contra quem vivo
Do sul cativo
O este é meu norte.

Outros que contem
Passo por passo:
Eu morro ontem

Nasço amanhã
Ando onde há espaço:
– Meu tempo é quando.

Vinícius de Moraes

quarta-feira, 7 de julho de 2010

A MOBILIDADE SOCIAL AO ALCANCE DE TODOS


Trabalho e desejo ficcionam a mobilidade social ao alcance de todos. Contudo, contraditóriamente, `a escola destina-se a organizar, por classes, as etapas da vida do cidadão moderno. Preso a ela, conquistará vocações e potencialidades; fora dela, suas possibilidades de cidadania rapidamente envelhecem e morrem.
Classes, etapas da vida, vocações, potencialidades... Sociologia, biologia, religião, psicologia... tantos são os saberes que se debruçam sobre o homem que os trabalhadores escolares se esquecem que são, eles mesmos, também aqueles que não aprenderam o gosto pelo mourejar.
Braços, pernas, troncos, faces, mõas, pés... todos sendo hierarquicamente inferiores ao cérebro - modelo médico atual - fazem subsumir, na natureza das coisas, as desiugualdades cotidianas ativamente atualizadas como cultura ocidental moderna.
Ana Paula Jesus de Melo

sexta-feira, 11 de junho de 2010

EMPENHE O PACIENTE


Muitos de nossos pacientes têm conflitos no reino da intimidade e obtêm ajuda na terapia simplesmente por vivenciar um relacionamento íntimo com o terapeuta. Alguns têm medo da intimidade porque acreditam que existe dentro deles algo basicamente inaceitável, algo repugnante e imperdoável. Dado isso, o ato de se revelar inteiramente a um outro e ainda ser aceito pode ser o principal veículo da ajuda terapêutica. Outros podem evitar a intimidade por causa do medo da exploração, colonização ou abandono; também para eles, o relacionamento terapêutico íntimo e efetivo que não resulte nba catástrofe prevista torna-se um experiencia emocional corretiva.
Portanto, nada tem precedência sobre o cuidado e preservação do meu relacionamento com o paciente, e fico muito atento a todas a nuances de como nos respeitamos recipocramente. O paciente parace distante hoje? Competitivo? Desatento aos meus comentários? Faz uso do que digo na vida privada, mas se recusa a reconhecer minha ajuda abertamente? Seria ela excessivamente resperespeitosa? Obsequiosa? Expressa muito raramente qualquer objeção ou discordância? Indiferente ou desconfiada? Entro em seus sonhos ou devaneios? Quais são as palavras das conversas imaginárias comigo? Todas essas coisas eu quero saber, e mais. Nunca deixo passar uma hora sem conferir nosso relacionamento, às vezes com uma simples declaração como: "Como eu e você estamos hoje?" Às vezes, peço ao paciente que se projete no futuro: "Imagine daqui a meia hora - você está a camin ho de casa, olhando para trás e pensando na nossa sessão. como estará se sentindo sobre eu e você hoje? Quais serão as observações não expressas ou as perguntas não formuladas sobre o nosso relacionamento hoje?"


MAIS UM TRECHO DO LIVRO DE IRVIN YALOM, COFESSO QUE TEM ME AJUDADO MUITO NOS MEUS ATENDIMENTOS, PARECE QUE ELE FALA DIRETAMENTE COMIGO, ISSO É ÓTIMO! TEM ME DADO MUITO MAIS SEGURANÇA, POIS ME DÁ UMA MODELO QUE POSSO SEGUIR SEM PRECISAR COPIAR, MAS A SUPERVISORA TAMBÉM AJUDA, E MUITO! VALEU PROFª PRISCILA PIRES, VOCÊ É DEZ!

segunda-feira, 3 de maio de 2010

HERÓIS


"Não somos super heróis
somos meros actores coadjuvantes
de uma historia universal
escrita em forma de poema
onde a diferença é feita
na única estrofe que escrevemos
e que termina quando o chão caminhar sobre nós
e o céu se esconder atrás do horizonte
momento em que só nos restará
o silêncio das nossas vozes
e a escuridão da nossa visão
que servirá de companhia eterna,
momentos sacramentados em nosso santuário
pelas insígnias a que respondemos
como autores de um verso "sem rimas por muitas vezes"
no poema da historia universal..."

Red Jack- O PsicodoidO


EU SEI QUE A PROPOSTA DESTE BLOG É TRATAR DE ASSUNTOS RELACIONADOS A PSICOLOGIA, MAS NÃO PODERIA DEIXAR DE MENCIONAR AQUI A RESPEITO DOS ACONTECIMENTOS OCORRIDOS NA CIDADE DE RESENDE NO DIA 27 DE ABRIL DE 2010, ONDE DOIS VERDADEIROS HERÓIS APESAR DA MORTE EMINENTE, TIVERAM TEMPO DE PENSAR EM SEUS SEMELHANTES EVITANDO QUE OUTROS COMPARTILHASSEM COM ELES SEU DESTINO. ESSE PENSAMENTO ALTRUÍSTA FAZ DESSE HERÓICO ATO DE AMOR AO PRÓXIMO, UM ASSUNTO PSICOLÓGICO SIM, POIS TODOS NOS TEMOS NOSSOS HERÓIS, PESSOAS NAS QUAIS PROJETAMOS NOSSO DESEJO DE SER COMO ELAS, CORAJOSAS, ALTIVAS, FORTES E ASSIM SE FAZENDO INDESTRUTÍVEIS, MAS O INTERESSANTE É SABER QUE ATÉ O MOMENTO EM QUE TUDO ACONTECE, QUANDO ELES TEM QUE DECIDIR, ELES SÃO PESSOAS COMO NÓS, CHATOS, DESCONFIADOS, MELINDROSOS, ENFIM HUMANOS, MAS AQUELE PEQUENO MOMENTO, AQUELE INSTANTE ONDE A VIDA REQUER UMA DECISÃO, A CORAGEM E O ALTRUÍSMO DESSAS PESSOAS OS FAZEM HERÓIS!

MINHA HOMENAGEM AO ASPIRANTE A OFICIAL BOMBEIRO MILITAR GUILHERME NETO, COM O QUAL TIVE A HONRA E A SATISFAÇÃO DE TRABALHAR E AO MAJOR BOMBEIRO MILITAR JASEN, QUE CONHECI ALGUMAS HORAS ANTES DO ACONTECIMENTO FATÍDICO.

"Os reis deixaram aqui suas coroas e cetros; os heróis, suas armas. Mas os grandes espíritos, cuja glória estava neles e não em coisas externas, levaram com eles sua grandeza."

Schopenhauer

domingo, 11 de abril de 2010

RISCOS


Arriscar-se é viver...


Rir é arriscar-se a parecer louco.


Chorar é arriscar-se a parecer sentimental.


Estender a mão para o outro é arriscar-se a se envolver.


Expor seus sentimentos é arriscar-se a expor seu eu verdadeiro.


Amar é arriscar-se a não ser amado.


Expor suas idéias e sonhos ao público é arriscar-se a perder.


Viver é arriscar-se a morrer...


Ter esperança é arriscar-se a sofrer decepção.


Tentar é arriscar-se a falhar.


Mas... é preciso correr riscos.


Porque o maior azar da vida é não arriscar nada...


Pessoas que não arriscam, que nada fazem, nada são.


Podem estar evitando o sofrimento e a tristeza.


Mas assim não podem aprender, sentir, crescer, mudar, amar, viver...


Acorrentadas às suas atitudes, são escravas;


Abrem mão de sua liberdade.


Só a pessoa que se arrisca é livre...


"Arriscar-se é perder o pé por algum tempo.


Não se arriscar é perder a vida..."


(Soren Kiekegaard)

quinta-feira, 4 de março de 2010

Já - Charles Chaplin


Já perdoei erros quase imperdoáveis,
tentei substituir pessoas insubstituíveis
e esquecer pessoas inesquecíveis.

Já fiz coisas por impulso,
Já me decepcionei com pessoas
quando nunca pensei me decepcionar,
mas também já decepcionei alguém.

Já abracei para proteger,
já ri quando não podia,
fiz amigos eternos, amei e fui amada,
mas também já fui rejeitada,
fui amada e não amei.

Já gritei e saltei de felicidade,
já vivi de amor e fiz juras eternas,
desiludi-me muitas vezes!

Já chorei a ouvir música e a ver fotografias,
já telefonei só para ouvir uma voz,
já me apaixonei por um sorriso,
já pensei que fosse morrer de saudades,
já tive medo de perder alguém especial
(e perdi...)!

Mas vivi! E ainda vivo! Não passo pela vida...

Bom mesmo é ir á luta com determinação,
abraçar a vida e viver com paixão,
perder com classe e vencer com ousadia,
porque o mundo pertence a quem se atreve
e a vida é muito para ser insignificante!

sábado, 13 de fevereiro de 2010

CONVERSANDO SOBRE A MORTE


O medo da morte sempre se infiltra por baixo da superfície. Ele nos assombra durante toda a vida e nós erguemos defesas - muitas delas baseadas na negação - para nos ajudar a lidar com a consciência da morte. Mas não podemos mantê-la fora da mente. Ela se difunde pelas nossas fantasias e sonhos. Ela explode sem freios em cada pesadelo. Quando éramos crianças, ficávamos preocupados com a morte, e uma das nossas principais tarefas no desenvolvimento era a de conseguir enfrentar o medo da obliteração.
A morte é um visitante em todo o curso de terapia. Ignorar sua presença transmite a mensagem de que é terrivel demais para ser discutida. Ainda assim, a maioria dos terapeutas evita uma discussão direta sobre a morte. Por quê? Alguns terapeutas a evitam porque não sabem o que fazer com a morte. "Com que finalidade?", perguntam. "Vamos voltar ao processo neurótico, algo sobre o qual podemos fazer alguma coisa." Outros terapeutas questionam a relevância da morte para o processo terapêutico e seguem o conselho do grande Adolph Meyer, que aconselhou a não coçar onde não estiver coçando. Outros, ainda, se recusama trazer à baila um assunto que inspira uma enorme ansiedade num paciente já ancioso (e também no terapeuta).
Ainda assim, existem vários bons motivos pelos quais deveriámos confrontar a morte no decorrer da terapia. Primeiro, tenha sempre em mente que a terapia é uma exploração profunda e abrangente do curso e significado da vida de uma pessoa; dada a centralidade da morte em nossa existência, uma vez que vida e morte são interdependentes, como poderiámos ignorá-la? Desde os primórdios dos pensamentos escritos, os seres humanos percebem que tudo se desvanece, viver apesar do medo e do desvanecimento. Os psicoterapeutas não podem se dar ao luxo de ignorar os vários grandes pensadores que concluíram que aprender a viver bem é aprender a morrer bem.
Mais um texto do excelente livro do psiquiatra e psicoterapeuta Irvin D. Yalom, ótima leitura para terapeutas iniciantes. Em breve estarei publicando mais alguns artigos de minha autoria, cujo o tema será a questão da adoção e seus implicações psicológicas.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

O AQUI-E-AGORA-USE-O, USO-O


"O AQUI-E-AGORA É A PRINCIPAL FONTE DE PODER TERAPÊUTICO, A RECOMPENSA DA TERAPIA, O MELHOR AMIGO DO TERAPEUTA (E, CONSEQUENTEMENTE, DO PACIENTE). TÃO VITAL PARA UMA TERAPIA EFICIENTE É O AQUI-E-AGORA, ...
O AQUI-E-AGORA REFERE-SE AOS IMEDIATOS DA HORA TERAPÊUTICA, AO QUE ACONTECE AQUI (NESTE CONSULTÓRIO, NESTE RELACIONAMENTO, NA INTERMEDIALIDADE - O ESPAÇO ENTRE MIM E VOCÊ) E AGORA, NESTA HORA IMEDIATA. É BASICAMENTE UMA ABORDAGEM NÃO-HISTÓRICA E TIRA A ÊNFASE (MAS NÃO NEGA A IMPORTÂNCIA) DO PASSADO OU DOS EVENTOS HISTÓRICOS DA VIDA EXTERIOR DO PACIENTE."
ESTE É UM TRECHO DO LIVRO QUE ESTOU LENDO ATUALMENTE, E QUE RECOMENDO PARA TODOS QUE GOSTAM DAS ABORDAGENS GESTAÁLTICA E HUMANISTA, O LIVRO SE CHAMA: "OS DESAFIOS DA TERAPIA - REFLEXOES PARA PACIENTES E TERAPEUTAS", DO PSIQUIATRA IRVIN D. YALOM, LANÇADO NO BRASIL PELA EDITORA EDIOURO. OS DESAFIOS DA TERAPIA MOSTRA QUE O PROCESSO TERAPEUTICO É UMA PARCERIA ENTRE DOIS SERES HUMANOS QUE SE TORNAM COMPANHEIROS DA VIAGEM ÁRDUA, PORÉM GRATIFICANTE, QUE É O MERGULHO NO INTERIOR DE CADA UM, VALE A PENA LER!
(TITULO ORIGINAL: THE GIFT OF THERAPY).