"MENTES CRIATIVAS SÃO CONHECIDAS POR RESISTIREM A TODO TIPO DE MAUS TRATOS."
SIGMUND FREUD

sábado, 13 de fevereiro de 2010

CONVERSANDO SOBRE A MORTE


O medo da morte sempre se infiltra por baixo da superfície. Ele nos assombra durante toda a vida e nós erguemos defesas - muitas delas baseadas na negação - para nos ajudar a lidar com a consciência da morte. Mas não podemos mantê-la fora da mente. Ela se difunde pelas nossas fantasias e sonhos. Ela explode sem freios em cada pesadelo. Quando éramos crianças, ficávamos preocupados com a morte, e uma das nossas principais tarefas no desenvolvimento era a de conseguir enfrentar o medo da obliteração.
A morte é um visitante em todo o curso de terapia. Ignorar sua presença transmite a mensagem de que é terrivel demais para ser discutida. Ainda assim, a maioria dos terapeutas evita uma discussão direta sobre a morte. Por quê? Alguns terapeutas a evitam porque não sabem o que fazer com a morte. "Com que finalidade?", perguntam. "Vamos voltar ao processo neurótico, algo sobre o qual podemos fazer alguma coisa." Outros terapeutas questionam a relevância da morte para o processo terapêutico e seguem o conselho do grande Adolph Meyer, que aconselhou a não coçar onde não estiver coçando. Outros, ainda, se recusama trazer à baila um assunto que inspira uma enorme ansiedade num paciente já ancioso (e também no terapeuta).
Ainda assim, existem vários bons motivos pelos quais deveriámos confrontar a morte no decorrer da terapia. Primeiro, tenha sempre em mente que a terapia é uma exploração profunda e abrangente do curso e significado da vida de uma pessoa; dada a centralidade da morte em nossa existência, uma vez que vida e morte são interdependentes, como poderiámos ignorá-la? Desde os primórdios dos pensamentos escritos, os seres humanos percebem que tudo se desvanece, viver apesar do medo e do desvanecimento. Os psicoterapeutas não podem se dar ao luxo de ignorar os vários grandes pensadores que concluíram que aprender a viver bem é aprender a morrer bem.
Mais um texto do excelente livro do psiquiatra e psicoterapeuta Irvin D. Yalom, ótima leitura para terapeutas iniciantes. Em breve estarei publicando mais alguns artigos de minha autoria, cujo o tema será a questão da adoção e seus implicações psicológicas.