"MENTES CRIATIVAS SÃO CONHECIDAS POR RESISTIREM A TODO TIPO DE MAUS TRATOS."
SIGMUND FREUD

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

O CÂNCER E A SEXUALIDADE



GALERA COMO EU HAVIA PROMETIDO AÍ ESTÁ UM TEXTO DE MINHA AUTORIA, APRESENTADO NA UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ - RESENDE, COMO REQUISITO DA MATÉRIA DE PSICOONCOLOGIA, CLARO QUE ISSO NÃO SERIA POSSÍVEL SEM A AJUDA DE ALGUMAS PESSOAS, E AQUI QUERO DEIXAR REGISTRADO MEUS AGRADECIMENTOS E VOTOS DE CARINHO E SUCESSO A TODAS ELAS:
À PROFESSORA CÉLIA REGINA, PROFESSORA DEDICADA E ATENCIOSA, QUE MUITO TEM ME ENSINADO COM SUA EXPERIÊNCIA; À GABRIELE ZACARIAS, GRANDE AMIGA E COMPANHEIRA DESTA "LONGA" JORNADA ACADÊMICA E A GIOVANA NASCIMENTO, UMA PROFISSIONAL ALTAMENTE CAPACITADA E DEDICADA, ALÉM DE UMA PESSOA NOTA 10! MEU MUITO OBRIGADO A VOCÊS!

1 INTRODUÇÃO

O câncer é uma doença que representa para muitas pessoas, um momento difícil e traumático, apesar dos avanços da medicina e de modernos tratamentos, este ainda significa para elas, a morte inevitável com muita dor e sofrimento.

Com o progredir da doença, são suscitados novos desafios, a medida que falham sucessivos esquemas terapêuticos, e o aparecimento de novas limitações físicas do doente diminui as expectativas de cura. O diagnóstico de câncer deixa nos enfermos que conseguem sobreviver noção ampliada de sua vulnerabilidade e do risco de mortalidade. (DUDGEON, 1995, p.255)

O trauma do paciente oncológico está atrelado ao tipo de tumor, sua evolução e com o tratamento, esses fatores trazem grande impacto sobre o ajustamento psicossocial do paciente. A quimioterapia e a hormonioterapia, por exemplo, acarretam aumento de peso e a perda de cabelo, causando alterações no corpo e inclusive na auto-estima. Alguns processos cirúrgicos resultam em mutilação e desfiguração, além de modificar o trajeto das excreções ou prejudicarem a função sexual. A radioterapia pode causar queimaduras na pele, dificuldade de deglutição, diarréia, além da conhecida perda de cabelos.
É muito comum, que os pacientes oncológicos sejam acometidos pela depressão e esta pode ser difícil de diagnosticar. Afirma Dudgeon (1995, p.259), que a perda do libido é uma das característica da depressão.
Diversos são os traumas sofridos pelos pacientes de câncer, assim, como diversas são as causas que podem levar ao paciente a perda da sexualidade, porém, mesmo diante de quadros médicos e psicológicos traumáticos, é possível que com o apoio e orientação do psicólogo, o enfermo encontre dentro de si forças para enfrentar esta doença da melhor maneira possível, sem deixar que ela afete de maneira tão aguda os prazeres da vida, dentre eles sua sexualidade.
A doença incide sobre o corpo do paciente, corpo esse que também é campo para sexualidade. Essa simultaneidade de funções, patológica e erógena, não pode passar em branco para o psicólogo. Há que estar atento a esse ponto em termos teóricos, e há que se estar aberto para conversar sobre ele se o paciente tocar no assunto. (SIMONETTI, 2004, p.156).

Portanto, o objetivo deste trabalho é fazer um estudo sobre os aspectos psicológicos que podem levar os pacientes oncológicos à perda ou diminuição da sexualidade, bem como desenvolver propostas de intervenção a fim de preservá-la e/ou desenvolvê-la de maneira saudável neste momento difícil.
2 A INFLUÊNCIA DO TRATAMENTO NA SEXUALIDADE

Com a correria diária se esquece muitas vezes, de que a vida acontece, e ela pode ser tão bela quanto frágil, e o diagnóstico de uma doença como o câncer pode alterar o sentido do existir humano. As prioridades e os valores passam a ser colocados em segundo plano, para se preocupar apenas com o tratamento.
De acordo com Macieira (2009), “o câncer tem limitações e não pode engessar a vida que temos a viver, congelar a alegria, destruir o prazer e roubar os minutos de plenitude que podemos alcançar”.
Porém, quando é diagnosticada a doença tudo na vida perde a importância e ela passa ser a preocupação central na vida dos pacientes e familiares. Assim, acabam surgindo diversos sintomas psicológicos, que enfatiza Simonetti (2004, p.37), como o medo, a revolta, a depressão e a negação.
Como a atenção, dos pacientes, familiares e da equipe de saúde está voltada para a doença e para o desencadear das emoções causadas, dão pouco ou nenhuma importância para a sexualidade do indivíduo, tema que faz parte de um dos aspectos mais importante para a sua qualidade de vida.

Qualidade de vida relacionada à saúde, a percepção do individuo sobre seu estado. Esta percepção normalmente está relacionada a determinadas dimensões de sua vida, que em muitos instrumentos utilizados na tentativa de mensurar qualidade de vida, dizem respeito a fatores psicológicos, físicos, econômicos, sociais e espirituais. (KOWALSKI, 2002, p.285)

Dentre estes aspectos essenciais da vivência humana, a sexualidade, que em sentido mais amplo, representa a identidade pessoal e uma forma de se relacionar com o outro de uma maneira afetiva, envolvendo um ritual de intimidade com o próprio corpo e com o corpo de outro. E muitas vezes com a ameaça da morte, a sexualidade passa ser um item de menor importância.
Os traumas emocionais são inevitáveis, porém é possível que os pacientes encontrem dentro de si, a força para resistir a doença e aos respectivos tratamentos. Mas, torna-se imprescindível para o psicólogo prever a perturbação psicológica que pode ocorrer na fase do diagnóstico e do tratamento. Neste capitulo serão discutidos as influências que os tratamentos como: a quimioterapia, a hormonioterapia e o tratamento cirúrgico trazem para a sexualidade.

2.1 QUIMIOTERAPIA

A quimioterapia é um passo para o tratamento do câncer, que por ser uma doença celular, torna-se necessário que as células doentes sejam combatidas através do uso de químicas.
Este tratamento é aplicado após uma avaliação médica e pode ser feita antes ou após a cirurgia para a retirada do tumor. Para ser aplicada a quimioterapia, alguns fatores são levados em consideração, tais como: o tipo de tumor, seu estágio de desenvolvimento, a idade e o estado físico do paciente.
Porém, a quimioterapia atinge não somente as células doentes, mas também, as células sadias causando efeitos colaterais, já citados anteriormente, como: queda de cabelos, náuseas e vômitos, estomatite, diarréia, prisão de ventre, todos esses fatores podem interferir nas relações sexuais entre outros efeitos.
Apesar do tratamento não impedir a relação sexual, as alterações emocionais também podem fazer com que o indivíduo perca um pouco do interesse sexual.

A diminuição do desejo sexual pode ser influenciado por fatores orgânicos ou psicológicos. Os orgânicos caracterizam-se, principalmente, pela diminuição do hormônio testosterona, responsável pela apetência sexual, decorrente do tratamento quimioterápico como, também, pela falta de disposição resultante da severa anemia vivenciada por essa clientela e pela presença de náuseas e vômitos. Os fatores psicológicos são marcados pelo constante sofrimento, medo e preocupação decorrentes da doença e do tratamento. (MELO, 2006, p.3)

Os problemas relacionados à perda da excitação sexual masculina são influenciados pela perda do hormônio testosterona e na mulher pela falta de lubrificação vaginal decorrente da queda do nível do hormônio estrôgeneo.

2.2 HORMONIOTERAPIA

Alguns tumores evoluem por causa da presença hormonal, como por exemplo: os de mama, próstata e endométrio. O objetivo da hormonioterapia, é justamente, impedir a ação destes hormônios, bloqueando ou suprimindo os efeitos de hormônio sobre o órgão alvo.
Assim como a quimioterapia, a hormonioterapia age em todas as partes do organismo.
Durante o tratamento hormonal é possível que haja a diminuição da libido divido as medicações.


A diminuição da libido não é geralmente um efeito colateral permanente no tratamento oncológico e pode ser gerenciado. Para muitas pessoas, a libido retorna ao normal após o término do tratamento. Entretanto, algumas pessoas podem necessitar de intervenção médica para aumentar sua libido. Mulheres que tiveram câncer de mama e estão em tratamento hormonal também podem ter uma diminuição da libido. (ONCOGUIA, 2010)

Muitas das causas da ausência da sexualidade na fase do tratamento, está ligado a auto-estima, a perda do cabelo, a perda de peso causados pelo tratamento de combate à doença.

2.2 TRATAMENTO CIRURGICO

Neste tópico serão abordadas especialmente, as cirurgias de câncer de mama e próstata, que são as grandes causas da perda da sexualidade, uma vez que ambas podem mutilam órgãos de extrema importância para a sexualidade tanto masculina quanto feminina.
O câncer de mama é o câncer que se manifesta com grande freqüência entre as mulheres brasileiras, é caracterizado por uma multiplicação exagerada e desordenada da s células.
A cirurgia do tratamento do câncer de mama pode ser conservadora ou radical, conservadora quando retirar apenas uma parte da mama e radical quando retirar a mama inteira.

O câncer de mama traz muitas complicações na auto-estima das mulheres, diminuindo muito o desejo de se expor ao parceiro. A mama é considerada um ponto da feminilidade se o câncer gerou a necessidade de retirada de uma ou de duas mamas, a mulher pode ficar bastante abalada sexualmente. (ONCOGUIA)


Assim, o este tipo de câncer pode interferir de maneira expressiva na vida sexual do casal. Mas é necessário que ambos procurem formas para se adaptarem a nova realidade e tragam de volta sua intimidade e cumplicidade.
Quanto ao câncer de próstata, pode-se dizer, que afeta o homem em seu bem-estar físico e emocional. O tratamento deste tipo de câncer pode acabar afetando a masculinidade e gerando a impotência.
O sofrimento masculino se deve às limitações físicas e a diminuição da ereção, sobretudo, quando há prostectomia radical (retirada dos testículos) responsáveis pela produção dos hormônios masculinos.
Nas palavras de Tofani (2007, p.200), “o tratamento dos homens quase invariavelmente acarretam os conhecidos riscos de incontinência e da impotência que atingem a essência da masculinidade”.
Para isso, é importante lidar com as emoções e o medo, desenvolvendo maior auto-estima e auxiliando a sua qualidade de vida.

3 DISTURBIOS PSICOLÓGICOS DA DOENÇA
A medida que houve um avanço no tratamento do câncer a taxa de mortalidade também diminuiu entre os diagnosticados positivamente, mediante esse fato hoje em dia passa-se a ser muito considerada a qualidade de vida destes pacientes, onde se inclui a atenção ao bem estar psíquico, pois conforme temos exposto no decorrer desse trabalho muitas vezes são influenciados por diversos distúrbios psicológicos, que podem algumas vezes influenciar na sua sexualidade.
Os efeitos psicológicos podem surgir do medo ou tristeza pelo diagnóstico em si. Outra possibilidade é que uma alteração na imagem corporal cause medo de rejeição pelo parceiro. (SANTOS, 2002, P.36).

Os distúrbios mais recorrentes nos pacientes oncológicos são: a depressão e a ansiedade.

3.1 DEPRESSÃO
Nas palavras de Govindan (2002, p.594), “Em geral, a depressão é mais comum, e o diagnóstico mais freqüente é de Depressão Importante e Distúrbios de Ajuste com Humor Deprimido”
A Depressão importante pode ser confundida com sintomas do câncer ou efeitos colaterais do tratamento. Alguns efeitos que podem gerar certa confusão são: perda do apetite, fadiga e problemas de concentração. Alguns profissionais chegam a propor que o diagnóstico da depressão nos pacientes repousa nos sintomas psicológicos da depressão. Alguns pacientes relacionam seus comportamentos pessoais com o desenvolvimento da doença.
A depressão é mais comum em tipos específicos de câncer (pancreáticos, pulmonar), em face do prognóstico sombrio, e na presença de dor. Indivíduos com uma história de distúrbio do humor correm maior risco de desenvolvimento de depressão após um diagnóstico de câncer, assim como aqueles com uma história familiar de depressão. Outros fatores de risco incluem o abuso de álcool e de drogas, a idade mais jovem, o sexo feminino e a pressão socioeconômica. (GOVINDAN, 2002, P.595).

A depressão psíquica pode levar o paciente de câncer a perda do libido, entre outros sintomas decorrentes da doença. Por isso, o aconselhamento psicológico é tão importante e necessário.

3.2 ANSIEDADE
A ansiedade pode ter diversas formas, após o diagnóstico do câncer podem ocorrer a ansiedade generalizada, caracterizada por ansiedade excessivas, muitas vezes os pacientes apresentam irritação e pessimismo.
Algumas fobias específicas também podem ocorrer após o tratamento de quimioterapia. Este problema fica evidente em náuseas antecipatórias, quando ele recebe a quimioterapia e a piora da náusea se desenvolve. E a náusea pode ocorrer antes do tratamento ou sem a presença do tratamento.
A sexualidade também é influenciada pela ansiedade, tanto a ansiedade em relação à doença e ao tratamento, quanto à ansiedade em relação ao próprio ato sexual. Em relação ao ato sexual, a ansiedade se manifesta através da preocupação em satisfazer o parceiro, e não conseguir, em caso de uma tentativa frustrada, pode gerar no individuo pensamentos automáticos que podem se manifestar através da evitação do contato e falta de iniciativa sexual.

4 SEXUALIDADE: APOIO PSICOLÓGICO
A denominação das manifestações psíquicas da vida sexual, combina com a base química da relação sexual. Freud (2002, 94), descreve o libido como “uma força quantitativamente variável que poderia medir os processos e transformações ocorrentes no âmbito da excitação sexual”.

Consideramos a sexualidade uma dimensão da vida que envolve a comunicação com o nosso eu, com os outros e com o universo de significados em que estamos inseridos. Nesta concepção o corpo tem grande importância, pois ele não apenas atesta a nossa existência, como também nos possibilita a comunicação com o mundo e com as pessoas que se encontram nele. (SANTOS, 2002, P.33).

A excitação sexual é fornecida não só pelas partes chamadas partes sexuais, mas sim, por todos os órgãos do corpo, por isso a questão da sexualidade passa pela imagem corporal que o paciente tem de si.

.4. A PERDA DA SEXUALIDADE DO PACIENTE DO CÂNCER
O câncer por representar uma doença que maltrata o corpo, altera o estado emocional do paciente, inclusive, em sua qualidade de vida e na sexualidade. Homens e mulheres acometidos pela doença vêem sua sexualidade fragilizada, ao terem mutilados os órgãos que são a expressiva representação da sexualidade.
O diagnóstico do câncer de mama ou próstata pode afetar significativamente a vida sexual do casal. Para Cantinelli (2006), “reações de ajustamento ou mesmo depressão e ansiedade tem forte impacto sobre a sexualidade”.
Quanto ao câncer de mama, especificamente, relata Gomes (2002), “no universo simbólico, a mama é um elemento fundamental capaz de concentrar papéis da identidade feminina, como a sexualidade, sendo os seios objeto de prazer e desejo”.
Além disto, a retirada parcial ou total da mama, pode levar às mulheres a sensação de solidão, a perda dos vínculos e uma quebra de sentido e inclusive a perda da auto-estima.
Em se tratando do câncer de próstata ou no genital masculino, os fatores culturais podem influenciar negativamente às questões relacionadas à sexualidade.
Assim, como o câncer de mama é um dos maiores medo das mulheres o câncer de próstata não é diferente para os homens, pois trazem consigo, não somente o medo da própria morte, mas também, o medo que tocam no próprio cerne da sua sexualidade.

4.2 APOIO AO PACIENTE PARA PRESERVAÇÃO DE SUA SEXUALIDADE
Para auxiliar a qualidade de vida do paciente é de extrema relevância a avaliação de todos os aspectos psicológicos que envolvem do diagnóstico de câncer, inclusive e, sobretudo, em relação à sexualidade.
É importante destacar que os diagnósticos são necessários para dar uma direção ao tratamento, na medicina o diagnostico se dá por meio dos sintomas, diferente da psicologia, segundo Simonetti (2004, p. 33), “na psicologia hospitalar o diagnostico é o conhecimento da situação existencial e subjetiva da pessoa adoentada em relação a sua doença”. É importante salientar que o psicólogo não pode de maneira alguma se ater somente ao diagnostico inicial, ele deve permanecer atento às mudanças situacionais que podem acarretar uma necessidade de mudança de estratégia, para isso se faz necessária uma constante avaliação do quadro psíquico do paciente.
O primeiro aspecto a se considerar deve ser a história de vida da pessoa adoentada, pois de nada servem os termos técnicos e dados patológicos, muito menos as intervenções médicas ou psicológicas se não for levado em conta à maneira como o paciente a representa.
Em segundo lugar é importante também observar a estrutura psicodinâmica da personalidade do individuo, e assim conhecer a sua relação ao seu processo de adoecimento e do seu tratamento.
E por fim se estabelecer as condições de enfrentamento do individuo mediante a doença e seu prognóstico, ou seja, quais as possibilidades e limites para essa pessoa, e assim propor ações que visem à ampliação dos seus horizontes e deste modo gerar uma melhora na sua qualidade de vida.
Para tal se faz necessário um acompanhamento prévio do paciente, pois quanto antes se iniciar a preparação do paciente para os eventos que podem ocorrer no pós-operatório ou após as sessões de tratamento não cirúrgico (quimio/radio/hormonioterapia), isso aumentara seu tempo de reação, onde terá a oportunidade de se preparar para tais eventos. A comunicação entre o paciente e médico em todas as fases do tratamento é importante, porém ela é essencial na previa do mesmo, até mesmo para que o paciente possa se preparar para os efeitos colaterais do tratamento. Segundo Sebastiani (1995 p. 34), tanto o paciente quanto o devem ter um representante neutro, no caso o psicólogo.
Essa ponte de ligação, ou facilitação de vínculos, tem grande importância, sobretudo para o paciente, pois ela é uma possibilidade de se desenvolver dois sentimentos imprescindíveis para o bom prognostico emocional da relação do individuo com a cirurgia e o processo, muitas das vezes longo, de pós-operatórios e reabilitação, que são confiança e a autorização. (SEBASTIANI, 1995 p.34)

Neste âmbito o psicólogo estabelecera um vínculo importante, pois ele não representa uma “ameaça” ao paciente, é o que Sebastiani chama de privilégio do psicólogo.
A partir daí o psicólogo poderá trabalhar todos os aspectos referentes aos itens acima destacados, como história de vida e estrutura psicodinâmica do paciente, bem como de sua família e juntamente com ele estabelecer as diretrizes por onde seguirá sua recuperação, inclusive a da sua sexualidade. Segundo Santos (2002, p. 23) apput Witten e Lampert (1999), “os profissionais de saúde devem incluir a função sexual como parte da avaliação das necessidades da reabilitação do paciente, ainda que seja desconfortável tanto para eles quanto para os pacientes o encaminhamento de aspectos relacionados à sexualidade”.
É imprescindível o envolvimento familiar no que tange a questão da sexualidade do paciente, principalmente quando se trata de pessoas casadas, o envolvimento do cônjuge na recuperação do paciente é indispensável, para tal ele deve ser informado de todas as nuances e possibilidade de reações que podem ocorrer.
Outro ponto quer deve ser observado pelo profissional de psicologia é o cuidado com a imagem corporal do paciente que como dissemos anteriormente é uma das causas da perda da sexualidade do paciente, é importante trabalhar auto-estima do mesmo:

Nos casos de disfunção orgânica, apesar de existir uma série de tratamentos médicos, não se exclui a necessidade de terapia sexual ou psicoterapia, pois sempre existem os aspectos psicossociais relacionados não apenas à gênese, como também à manutenção da disfunção, como: medo de rejeição e abandono da parceira, conflitos em relação à própria masculinidade, baixa auto-estima etc. (Santos 2002, p. 68)

E por fim, mas não menos importantes são os cuidados com os aspectos depressivos e ansiosos que podem vir a serem apresentados pelos pacientes, que em suma são uma soma ou resultado das questões anteriormente relacionadas:

Além disso, a depressão, muito comum nos casos de câncer, é uma das maiores causas de disfunção sexual, pois afeta a fase do desejo, o apetite sexual. (Santos 2002, p. 68)


5 CONCLUSÃO

Homens e mulheres se posicionam de forma diferente frente à varias etapas do tratamento do câncer, e inclusive, na reabilitação da sua vida após o tratamento. Esta diferença já advêm da própria cultura e do modo pelo quais são socializados, portanto já não desenvolvem os mesmos estímulos e coragem para o enfrentamento da doença.
Porém, a forma do enfrentamento desta doença está relacionada a uma multiplicidade de fatores, como: doença, sintomas, estágio, o tratamento, a auto-estima, a estrutura familiar. Portanto, não há uma única estratégia para o auxilio a reabilitação do paciente e orientação do paciente quanto à conduta da sua sexualidade frente ao diagnóstico e ao tratamento do câncer.
Mas, é que o medo do câncer de mama para a mulher é tão semelhante quanto o medo que o homem tem em relação ao câncer de próstata, por acarretar para a mulher a perda de um símbolo tão valorizado sexualmente quanto a impotência por parte dos homens.
Assim, compreende-se que a alteração corporal para a mulher ou para o homem representa um enorme impacto psicossocial, impedindo-os de aceitar o próprio corpo e negando a se expor frente ao parceiro ou parceira, esta restrição ainda podendo se estender a contatos sociais.
A qualidade de vida, então, fica abalada com o diagnóstico da doença, deixando o individuo fragilizado. Dessa maneira, uma intervenção pode objetivar o manejo do estilo de vida, as condutas sociais, emocionais e sexuais, de modo a se adaptarem a nova realidade de maneira saudável.
È de extrema importância orientar o casal à uma conversa franca e aberta, onde haja uma disponibilidade para a compreensão, a aceitação e a uma nova postura frente ao ato sexual.

6 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CANCER de mama e sexualidade. Disponível em: http://www.oncoguia.com.br Acesso em 09 nov.2010.

CANTINELLI, Fábio Scaramboni.et al. A oncopsiquiatria no câncer de mama: considerações a respeito de questões do feminino. Revista de Psiquiatria Clínica, v.33, n.3, São Paulo, 2006. Disponível em: http://www.scielo.com.br Acesso em: 10 nov.2010.

GOMES, Romeu; SKABA, Márcia Marília Vargas Fróes; VIEIRA, Roberto José da Silva. Reiventando a vida: proposta para uma abordagem sócio-antropológica do câncer de mama feminino. Cadernos de Saúde Pública, v.18, n.1, Rio de Janeiro, jan./fev.2002. Disponível em: http://www.scielo.com.br Acesso em: 10 nov.2010.

GOVINDAN, Ramaswamy. Washington: manual de oncologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2004.

KOWALSKI, Luiz Paulo, et al. Manual de condutas diagnósticas e terapêuticas em oncologia.2.ed.São Paulo: Âmbito Editores, 2002.

MACIEIRA, Rita de Cássia. Conversando sobre a sexualidade e o câncer. 2009. Disponível em:http://www.inana.com.br Acesso em: 08 nov.2010.

MELO, Alexandre de Souza; CARVALHO, Emilia Campos de; NILZA, Teresa Rotter Pelá. A sexualidade do paciente portador de doenças onco-hematológicas. Revista Latino Americana Enfermagem, março-abril, 2006.

SIMONETTI, Alfredo. Manual de psicologia hospitalar: o mapa da doença. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2004.

TOFANI, Ana C.A; VAZ, Cícero. Câncer de próstata, sentimento de impotência e fracasso ante os cartões IV e VI do Rorschach. Revista Interamericana de Psicologia. v.41, n.2, 2007. p.197-204. Disponível em:http://www.psicorip.org Acesso em: 09 nov.2010.

TRATAMENTO do câncer e a diminuição da libido. Disponível em: http://www.psicorip.org Acesso em: 09 nov.2010.

SANTOS, Rosita Barral Homens com câncer de próstata: um estudo da sexualidade à luz da perspectiva heideggeriana. Ribeirão Preto, 2006. 243 p.: il.; 30 cm

TRUCHARTE, Fernanda Alves Rodrigues Psicologia hospitalar: teoria e pratica/, Fernanda Alves Rodrigues Trucharte, Rosa Berger Knijnik, Ricardo Werner Sebastiani; Valdemar Augusto Angerami-Camon (organizador). 2. Ed. São Paulo: pioneira, 1995