"MENTES CRIATIVAS SÃO CONHECIDAS POR RESISTIREM A TODO TIPO DE MAUS TRATOS."
SIGMUND FREUD

domingo, 29 de novembro de 2009

Confesso


Confesso acordei achando tudo indiferente
Verdade acabei sentindo cada dia igual
Quem sabe isso passa sendo eu tão inconstante
Quem sabe o amor tenha chegado ao final

Não vou dizer que tudo é banalidade
Ainda há surpresas mas eu sempre quero mais
É mesmo exagero ou vaidade
Eu não te dou sossego, eu não me deixo em paz

Não vou pedir a porta aberta é como olhar pra trás
Não vou mentir nem tudo que falei eu sou capaz
Não vou roubar teu tempo eu já roubei demais

Tanta coisa foi acumulando em nossa vida
Eu fui sentindo falta de um vão pra me esconder
Aos poucos fui ficando mesmo sem saída
Perder o vazio é empobrecer

Não vou querer ser o dono da verdade
Também tenho saudade mas já são quatro e tal
Talvez eu passe um tempo longe da cidade
Quem sabe eu volte cedo ou não volte mais

Não vou pedir a porta aberta é como olhar pra trás
Não vou mentir nem tudo que falei eu sou capaz
Não vou roubar teu tempo eu já roubei demais

Não vou querer ser o dono da verdade
Também tenho saudade mas já são quatro e tal
Talvez eu passe um tempo longe da cidade
Quem sabe eu volte cedo ou não volte mais

Ana Carolina

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Prato de Arroz



Um sujeito estava colocando flores no túmulo de um parente quando vê um chinês colocando um prato de arroz na lápide ao lado.
Ele se vira para o chinês e pergunta:
- Desculpe-me, mas o senhor acha mesmo que o seu defunto virá comer o arroz?
E o chinês responde:
- Sim e geralmente na mesma hora que o seu vem cheirar as flores!

"Respeitar as opções do outro "em qualquer aspecto" é uma das maiores virtudes que um ser humano pode ter. As pessoas são diferentes, agem diferente e pensam diferente.
Nunca julgue. Apenas compreenda".

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

RELACIONAMENTOS


A Gestalt-terapia, baseada na Teoria de Campo de Lewin, afirma que a pessoa deve ser vista como um todo, ou seja, que seu comportamento só se torna compreensível a partir de sua visão dentro de um determinado campo com o qual ela se encontra em relação. Neste sentido esperamos poder auxiliar as pessoas partipantes de um grupo a encontrarem a melhor forma de se relacionar e transitar, no seu espaço vital, podemos dizer que espaço vital é equivalente do meio geográfico somado ao meio comportamental, diminuindo significantemente e se possível, extinguindo comportamentos que desencadeiem em ações de violência, no caso aqui violência de gênero.Não é nosso objetivo eximir as pessoas de qualquer tipo de conflito, até porque não é dado a psicologia esse poder, nem esse direito, além de que sabemos que os conflitos são fontes de ajustamentos essenciais a vida do indivíduo, e retirar isso de alguém é tolhir seu crescimento psíquico e social, como ser-no-mundo, nosso empenho é que para que através de ferramentas psicossociais e de um pouco mais de auto-conhecimento, proporcionados através das dinâmicas e intervenções feitas durante o grupo possamos ajudar o sujeito a encontrar seu melhor lugar, sua melhor forma de ser e de existir, dentro de ciclo vital de convivência e fora dele também.
Trabalhar com pessoas é sempre uma tarefa difícil, pois cada Ser é único, com suas experiências pessoais, seus pensamentos e modo de agir. Sabemos que somos livres para tomar nossas próprias decisões, mas cabe aqui ressaltar que temos nossas limitações, e para que possamos agir de maneira sensata devemos lembrar que as pessoas que estão ao nosso redor também têm seus próprios objetivos, e aceitar isso para alguns indivíduos pode ser uma árdua tarefa, pois perderam sua individualidade, ou pensam que a perderam e não conseguem se identificar, a não ser através do outro e isso é uma das causas da agressividade, segundo Lacan, que no texto “A agressividade em psicanálise”, na sua tese IV nos diz o seguinte: Do mesmo modo, é numa identificação com o outro que ela vive toda a gama de reações de impotência e ostentação, cuja ambivalência estrutural suas condutas revelam com evidencia, escravo identificado com déspota, ator com espectador, seduzido com sedutor (1948, pag. 116). Por isso é primordial auxiliar o rompimento com a dependência e vitimização das pessoas que se envolveram em caso de violência de gênero, para isso devem ser estimuladas a desenvolver sua auto-suficiência psíquica, social, intelectual, emocional e porque não, financeira.
Concluímos que o processo de humanizar-se é um processo de crescente complexidade, onde nossos elementos conceituais desembocam numa realidade concreta: o homem. Mas como terapeutas não podemos perder nunca a fé na capacidade que o homem tem de se reinventar, de se superar a cada desafio que a vida lhe apresenta, e que as vivências nos auxiliam, mas não são determinantes na formação da nossa subjetividade, que a pessoa humana pode encontrar respostas humanas para suas indagações, para sua prática de vida, para seu estar no mundo de uma maneira diferenciada das pedras, das plantas dos animais e que só ocorrerá através de uma relação paritária.

domingo, 22 de novembro de 2009

Coragem de Ser


A felicidade é uma conquista interna.
Tenho a indescritível sensação de poder!
Todas as possibilidades eu tenho.
Amo e assim tenho,
e não,
tenho e assim amo.
O mundo é meu,
basta lançar-me,
a despeito do medo.
É impossível não se contagiar
com quem tem coragem,
quem vai,
quem ousa,
quem faz.
É como se tudo estivesse dentro de mim
e quer agir, criar, eclodir.
É como o amor,
como a paixão,
não dá pra conter, reter ou atar.
Tem que se viver!
Também é triste,
muito triste,
não poder levar comigo todos que amo!
O caminho é certo e aberto,
mas só vai quem viu,
quem achou,
quem sorriu,
quem possuiu!
Quem aprendeu a amar,
a desejar,
a sonhar,
e assim,
poder conquistar!
Dora Lucia Alcantara
20/04/1999

TÉCNICAS UTILIZADAS PELA TERAPIA SITÊMICA E PELA TERAPIA COGNITIVA COMPORTAMENTAL NA TERAPIA FAMILIAR

O MODELO SISTÊMICO

As três principais abordagens que melhor representam o modelo sistêmico são: a Estrutural, Estratégica Breve e o Grupo de Milão. Cada uma delas com suas características próprias, porém com a mesma base teórica. A terapia estrutural enfatiza principalmente a organização social dentro do sistema familiar; a estratégica breve destaca os padrões de comunicação e como eles delimitam os relacionamentos humanos; já o Grupo de Milão, dá importância aos componentes paradoxais existentes nos conceitos de transformação e homeostase familiar.
A principal idéia dessa escola é o membro sintomático, ou seja, uma única pessoa que representa alguma disfunção existente no sistema familiar, ela destaca que o distúrbio mental é uma exteriorização de padrões inadequados de interação no interior da família.

A TERAPIA FAMILIAR ESTRUTURAL

Esta modalidade da ênfase a qualidade das fronteiras que delimitam as famílias, para isso ela identifica dois extremos das características fronteiriças de um sistema familiar denominados de aglutinado e desengajado.
Na família aglutinada encontramos as fronteiras muito fracas e de fácil travessia, isso leva a um funcionamento inadequado do sistema, já as famílias desengajadas, se caracterizam pelo excesso de rigor nas fronteiras, ou seja, os membros pouco se relacionam entre si. É exatamente nesses dois extremos que surgem os problemas, quando se exige algum tipo de adaptação do sistema familiar a qualquer tipo de variação.
Dentro deste contexto podemos afirmar que, segundo Calil (1987), o terapeuta familiar estrutural apóia tanto a subsistência de individualidade como a da mutualidade, e visa a clarificar ou fortalecer fronteiras difusas, ou então tornar mais flexíveis fronteiras inapropriadamente rígidas.
A função do terapeuta de família, de acordo com Minuchin (1982), é ajudar o paciente identificado e a família, facilitando a transformação do sistema. Para que isto efetivamente ocorra, são necessárias três etapas: o terapeuta se une ao sistema, descobre e avalia a estrutura e cria circunstâncias que permitam sua transformação. Para cada etapa descreveremos uma técnica, que embora descritas aqui separadamente, essas técnicas são concomitantes e complementares umas as outras.
Na primeira fase (união do terapeuta ao sistema), a técnica mais utilizada é a do mimetismo ou acomodação, que consiste principalmente na aliança do terapeuta com a família, e a adesão do mesmo ao sistema e a estrutura daquela família, sem qualquer contestação, deve-se evitar a confrontação ou desafio, portando-se apenas como uma pessoa que esta interessada no problema. Ele realmente se mistura àquele sistema de maneira a entender o modo de vida daquela família, ele literalmente se incorpora no estilo de ser da família.
Após essa união do terapeuta com a família, o mesmo passa a atuar de na segunda etapa do processo terapêutico (descoberta e avaliação da estrutura), quando será possível identificar onde pode estar ocorrendo a falha na estrutura familiar, após identificar a provável falha se utiliza de a técnica de representação para clarificar e focalizar esse ponto especifico e ao mesmo tempo avaliar em que nível se encontra, essa técnica consiste, como o próprio nome diz, na representação das situações em que surgem os conflitos, ao invés de simplesmente verbalizá-las. Isto leva a família refletir e mobilizar-se na resolução dos seus problemas.
Na terceira etapa (criação de circunstâncias para mudança), utiliza-se uma técnica chamada de designação de tarefas, que objetiva realçar áreas de disfunção do sistema. Essa técnica pode ser utilizada durante a sessão ou solicitada que sejam realizadas em casa, para Minuchin (1982) a família que realiza tarefas em casa, leva junto deles o terapeuta. Segundo Calil (1987), a designação de tarefas para casa fornece um novo campo para interações.
A terapia familiar estrutural não está preocupada com os pormenores do sistema, mas está interessado sim na maneira pela qual essa família se organiza e em alterar essa organização para maneiras mais consistentes e normativas, baseado principalmente no que foi proposto por Minuchin.

A TERAPIA ESTRATÉGICA BREVE

Essa abordagem fundamenta-se no princípio de que os diversos tipos de problemas trazidos pelo paciente só persistem se forem reforçados pelo comportamento atual das pessoas que interagem com o paciente. Esta escola apresenta alguns princípios básicos, descritos a seguir:
- Orientação franca para sintonia;
- Os problemas são vistos como dificuldades de interação;
- Os problemas são vistos como resultados de dificuldades quotidianas não resolvidas;
- As transições de vida e o ciclo de vida familiar requerem grandes mudanças nos relacionamentos;
- Os problemas desenvolvem-se através de superênfase ou sub-ênfase nas dificuldades de viver;
- A continuação de um problema é resultante de um circuito de feedback positivo centrado nos comportamentos dos indivíduos que pretendem resolver a dificuldade;
- os problemas de longa duração não são indicadores de cronicidade, mas de persistência de uma dificuldade mal-enfrentada;
- A resolução do problema requer primeiramente a substituição de padrões de comportamento;
- Promover mudanças através de meios que funcionem mesmo que possam parecer ilógicos
- “Pensar pequeno”, ou seja, focalizar o sintoma apresentado pelo paciente e trabalhar em busca de alivio do mesmo, por isso a questão “por que” é evitada.
O processo terapêutico abrange quatro etapas:
1) formulação de uma imagem concreta e específica do problema.
O terapeuta esta interessado no problema que levou aquela família ou paciente a procurar ajuda naquele momento, se houverem diversos problemas, é importante que se escolha o principal, com o objetivo de estabelecer um objetivo ate a próxima sessão.
2) Perceber qual o padrão de comportamento que está mantendo o problema.
3) estimar qual comportamento traria à “mudança pequena especifica” desejada.
4) Intervenção.
Durante essa etapa do processo terapêutico ocorre o que, em minha opinião, é a principal técnica da abordagem estratégica breve, que é a designação de uma tarefa, contendo instruções paradoxais para promover tal mudança. É exatamente nesse momento que podemos perceber nitidamente a “mão” do terapeuta em ação.
A instrução paradoxal mais freqüente é a que surge como forma de “prescrição do sintoma”, através do aparente encorajamento do comportamento sintomático.
É importante ressaltar que, ao contrario do enfoque estrutural que visa a alteração nos padrões de interação do sistema familiar durante a sessão, o enfoque estratégico breve enfatiza a alteração dos mesmos no intervalo entre as sessões através da prescrição paradoxal.
Embora a abordagem estratégica breve negue qualquer interesse na família como “sistema”, eles trabalham sistematicamente e esperam que uma pequena mudança num relacionamento importante na família reverberara no resto do sistema. (Calil, 1987, p. 55 e 58)

O GRUPO DE MILÃO

Para esse teóricos, o distanciamento e intimidade entre os membros de uma família se organizam ao redor do seguinte paradoxo: as pessoas da família necessitam de um feedback sobre seu comportamento e dos outros membros da família, e isso é alcançado, geralmente, através dos relacionamentos íntimos entre os indivíduos desse grupo familiar. Entretanto, esse sistema é abalado ou modificado pelo desenvolvimento biológico e social dessa família ou de algum de seus membros, e nesse período comumente que podemos notar o aparecimento de conflitos, pois, devido aos dilemas que surgem dentro daquele sistema familiar, até então razoavelmente estável, conflitos estes que surgem devido à perspectiva de mudança, ou não, do modus operantis do sistema familiar, podem fazer emergir problemas antes recalcados, que são dolorosos para um ou mais membros da família.
As famílias sintomáticas se comportam como se os membros pudessem mudar, mas, desde que essa mudança não altere o seu modo de agir dentro do sistema já estabelecido anteriormente. Para o Grupo de Milão o membro sintomático só pode ser ajudado quando sua percepção é ampliada em todos os aspectos, ou seja, a família deve observar a natureza paradoxal de seu comportamento, ou definir com mais clareza os seus relacionamentos.
A estrutura de uma sessão dos adeptos desta modalidade terapêutica é a entrevista dividida em quatro fases: 1) reunião preparatória; 2) entrevista; 3) intervenção sistêmica e 4) reunião pós-entrevista. Dentro dessa estrutura gostaria de destacar a segunda fase (entrevista), como parte principal da sessão.
Dentro dessa fase que acabamos de destacar encontra-se a técnica de questionamento circular, cujo objetivo é basicamente o de obter informações que irão confirmar ou não as hipóteses formuladas, envolver toda família e questionar as diferenças existentes entre seus membros e os sistemas da família. Essa técnica se estrutura de forma que, o terapeuta se coloque em uma postura neutra frente aos membros da família, e age como se quisesse apenas coletar dados sobre a convivência familiar, fazendo perguntas a todos os membros. Cada pergunta é formulada de acordo com as respostas obtidas da pergunta anterior, de maneira constante e criteriosa o terapeuta clarifica e amplia seu campo de exploração ate ao ponto em que surge uma questão que move todo o grupo.
É muito importante atentar para o total desencorajamento da interação entre os membros da família durante essa entrevista. O terapeuta deve estar atento também para a maneira como as informações são passadas a ele, e não somente pelo conteúdo, pois isso é um grande indicador de como ocorre a interação do sistema.
O terapeuta deve utilizar a entrevista para explorar os triângulos cross-generacionais existentes, perguntas que contenham ou comecem com “se” ou “suponha” são muito utilizadas, para se lidar com a relutância em definir aspectos encobertos dos relacionamentos, também são úteis para fornecer ferramentas que remetam a família ao pensamento reflexivo sobre o problema. Adeptos do Grupo de Milão acreditam que, através desse estilo de entrevista, é possível levar a família a estabelecer novas conexões, ampliando a conscientização de si e dos problemas.
O objetivo da terapia é trabalhar com as famílias ate que elas comuniquem a equipe que os relacionamentos entre os membros foram reorganizados de tal maneira que o comportamento sintomático não se faz mais necessário.

TERAPIA FAMILIAR COMPORTAMENTAL

A terapia familiar comportamental caracteriza-se por um acompanhamento cuidadoso com a demanda do cliente e uma avaliação com a aliança terapêutica, a questão de empatia, resistência, comunicação e habilidades para resolver problemas, além das técnicas utilizadas durante o tratamento.
O terapeuta familiar molda o tratamento para que ele se adapte a cada situação, com o objetivo de eliminar o comportamento indesejável e aumentar o positivo, definido pela família.
As etapas da terapia familiar são:
Realizar uma avaliação detalhada.
Determinar a freqüência básica do comportamento problemático.
Orientar e proporcionar informações sobre o sucesso do tratamento.
Estabelecer estratégias específicas para mudanças do que está sendo tratado de acordo com cada família.
Pode-se afirmar que os principais objetivos da terapia cognitivo-comportamental, no tratamento de casais em conflito, são a reestruturação de cognições inadequadas, o manejo das emoções, a modificação de padrões de comunicação disfuncionais e o desenvolvimento de estratégias para solução de problemas cotidianos mais eficazes. Outros procedimentos utilizados são as alterações de comportamentos que formam padrões negativamente específicos.
Um dos principais alvos da terapia é promover a reestruturação de cognições disfuncionais. Esse é um processo realizado em diferentes etapas. O objetivo é fornecer ao casal habilidades que possam diminuir os seus conflitos. Inicialmente, o terapeuta explica a relação entre as idéias, sentimentos e comportamentos durante a interação conjugal destrutiva. Cada parceiro aprende a identificar, a avaliar e a responder aos pensamentos distorcidos que podem estar influenciando de forma negativa o relacionamento. As técnicas mais utilizadas são os registros de pensamentos automáticos, diários, questionamentos na sessão, recordações.
Queremos destacar em especial um procedimento largamente empregado para tratar questões que podem ser fonte de graves conflitos para o casal é a técnica de resolução de problemas. Duas etapas marcam a solução de impasse entre os parceiros. A primeira refere-se à própria definição do problema. Muitos casais têm dificuldades para delimitar o que está gerando conflitos. O problema será definido em termos claros, específicos e comportamentais. Contudo, é comum um indivíduo fazer uma declaração geral, superficial e não específica ligada a um atributo de personalidade. A segunda etapa é a definição dos passos para a resolução do problema em si mesmo. Em linhas gerais, são a discussão das possíveis soluções, a adoção de uma das alternativas e o estabelecimento de um período para a sua implementação. Por fim, é verificado se essa opção foi eficaz, em caso contrário outro procedimento é adotado nos mesmos moldes anteriores.
O tratamento em geral é focado no sintoma, com o objetivo de aumentar as trocas compensatórias, reduzir as aversivas, trabalhar a importância da comunicação adequada e extinguir o comportamento problemático.

Referências Bibliográficas:
NICHOLS, M.P., SCHAWARTZ, R.C. –Terapia Familiar: Conceitos e Métodos, Porto Alegre, Ed. Artmed, 1998.

Dattilio, F. M (2004). Casais e família. Em: P. Knapp (Org). Terapia cognitivo-comportamental na prática clínica psiquiátrica (pp. 377-401). Porto Alegre: Artmed.

Calil, Vera Lucia Lamanno – Terapia familiar e de casal: introdução as abordagens sistêmica e psicanalítica, São Paulo, Summus, 1987.

REVISTA BRASILEIRA DE TERAPIAS COGNITIVAS, 2008, Volume 4, Número 1./

BLOQUEIOS DE CONTATO ENCONTRADOS NO FILME "CLICK" COM ADAM SANDLER - UMA VISÃO GESTÁLTICA


Michael Newman (Adam Sandler) é casado com Donna (Kate Beckinsale), com quem tem um casal de filhos maravilhosos, Ben e Samantha. Só que ele não tem oportunidade de vê-los com freqüência, pois tem ficado constantemente até mais tarde no escritório de arquitetura em que trabalha, na esperança de que seu chefe reconheça algum dia sua contribuição valiosa e lhe ofereça sociedade na firma. Quando tiver uma vida mais confortável garantida, aí sim ele poderá dar toda a atenção à mulher e aos filhos. Pelo menos, isso é o que ele vive dizendo para si mesmo.
Depois de passar uma noite em claro trabalhando, Michael está exausto e se frustra, quando não consegue nem descobrir qual dos seus muitos controles remotos liga a televisão. Ele decide, então, comprar um controle universal perfeito para operar todos os seus equipamentos eletrônicos e acaba nos fundos de uma loja chamada Cama, Banho & Além, onde um suposto funcionário, chamado Morty, lhe dá um controle remoto único, com a garantia de que este irá mudar a sua vida. Logo, Michael se torna o mestre do seu próprio universo, controlando todos os seus aparelhos ao apertar de um único botão. Mas o controle remoto possui outras funções mais surpreendentes. Ele é capaz de abafar o som dos latidos de Sundance, o cachorro da família — e, ainda mais espantoso, adiantar o tempo, poupando-o de uma discussão chata com sua mulher ou do jantar com os pais.
O problema é que o controle começa a programar Michael. Baseado em suas preferências anteriores, ele prevê os acontecimentos que ele gostaria de viver e as que o arquiteto preferiria deixar de lado. Só que, com isso, ele começa a pular grandes trechos de sua vida, até o dia em que finalmente se torna sócio da empresa, mas volta para casa e encontra sua família irremediavelmente distanciada dele.
A Gestalt nos diz que, somos os contatos que fazemos, e que, nossa verdadeira existência é depender do relacionamento. Esse contato é feito através do self, que é na verdade, um processo pessoal, uma maneira de reagir num certo momento diante de certas circunstâncias. Durante todo o filme podemos observar algumas situações em que Michael tem dificuldade em estabelecer esse contato, o que a Gestalt vem a chamar de BLOQUEIOS DE CONTATO.
O primeiro bloqueio que podemos notar é o de FIXAÇÃO, processo pelo qual a pessoa se apega excessivamente as pessoas, idéias ou coisas, temendo surpresas diante do novo e da realidade. Esse bloqueio é evidente a partir do momento em que nosso personagem se fixa na idéia de ser sócio da empresa de arquitetura em que trabalha, para conseguir o que deseja ele está disposto a tudo, até mesmo deixar sua família em segundo plano, e se torna mais perceptível quando observamos que ele não suporta o fato de que ele não é o preferido do chefe, que dá uma oportunidade a outro colega, para um cargo que ele cobiçava a muito.
Outro tipo de bloqueio que pode ser percebido é o de DESSENSIBILIZAÇÃO, processo em que a pessoa se sente entorpecida, fria diante de um contato, com dificuldade de para se estimular, e sente uma diminuição sensorial do corpo e perdendo o interesse por sensações novas e mais intensas. Quando nosso herói se vê diante da sua bela esposa na cama e tenta uma aproximação intima, ela propõe uma sessão de massagem com o intuito de se estimularem antes da relação sexual, ele prefere desistir da ação a fazer a massagem na esposa, tentando assim evitar o contato, no filme ele faz uso do seu poderoso controle remoto para pular toda a parte indesejada e ir direto ao ponto por ele desejado, sem se importar com os sentimentos e desejos de sua própria mulher, demonstrando frieza, uma das características do processo de dessensibilização.
A INTROJEÇÃO é outro processo identificável, quando Michael acha que tem ser como outros companheiros do trabalho, como seu chefe, por exemplo, buscando prestígio, poder e roupas caras, ele passa a ter dificuldade em aceitar seu carro, sua casa e começa a internalizar valores alheios, e a se apropriar dos desejos e valores das pessoas do meio onde vive, deixando de dar ouvidos a sua família e da sua esposa que lhe pede para passar mais tempo em casa. Lembrando que este processo se caracteriza principalmente pela obediência a opiniões arbitrárias, normas e valores alheios.
A PROJEÇÃO caracteriza-se pela dificuldade do indivíduo tem de identificar o que é seu e atribui a terceiros a responsabilidades pelos seus erros e fracassos, Michel se encaixa perfeitamente nesse quadro quando coloca a culpa das conseqüências das suas escolhas no seu controle remoto e não aceita quando Morty lhe diz que tudo foi opção dele.
E por fim podemos notar o processo de PROFLEXÃO, quando nosso herói se nega a aceitar seus pais da maneira que são, pois os acha muito inconvenientes, e a amiga de sua esposa, Janine, também sofre nas mãos de Michel que não aceita seu modo de ser. Lembrando que esse é o processo que a pessoa deseja que os outros sejam como ele.
Poderíamos aqui apontar algumas outras situações em que os bloqueios de contato se fazem presentes, entretanto o mais importante é lembrarmos que todos esses bloqueios podem ser superados através da Gestalt-terapia, e que o ser humano é um ser social, ou seja, um ser de contato e ignorar isso é ignorar a nossa própria existência. Nos não temos a possibilidade de rebobinar o filme da nossa existência, como na ficção, mas podemos mudar nossas atitudes no presente, e preparar assim nosso futuro da melhor maneira quanto possível, nos abrindo para a dialética e a convivência sem preconceitos ou a prioris. Fica então este desafio. Viver intensamente os detalhes. Uma boa conversa com o vizinho. Um papo com um amigo que não víamos a um bom tempo. Um sorriso, um olhar. E assim a vida vai ganhando cor e um mundo novo vai se desenhando a nossa frente.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

ORAÇÃO DA GESTALT



"Eu faço minhas coisas, e você faz as suas.
Eu não estou neste mundo para viver as suas expectativas.
E você não está neste mundo para viver as minhas.
Você é você, e eu sou eu,
E, se por acaso, nós nos encontrarmos, será ótimo.
Se não, nada se pode fazer."
Frederick Perls